18/08/2015 20:34 - Política
Radioagência
Ex-funcionários do BB dizem à CPI da Petrobras que doleiros movimentavam até R$ 1 milhão por dia

Dois ex-funcionários do Banco do Brasil disseram, em depoimento à CPI da Petrobras, que doleiros ligados a Alberto Youssef, o principal delator da Operação Lava Jato, movimentavam quantias entre 800 mil e 1 milhão de reais na agência onde trabalhavam, em São Paulo.
Os depósitos eram feitos nas contas de empresas abertas pela doleira Nelma Kodama e pela Districash Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, do também doleiro Raul Srour, dono da corretora TOV.
O ex-bancário Rinaldo Gonçalves de Carvalho foi demitido do Banco do Brasil acusado de envolvimento em operações ilegais de câmbio.
Ele foi condenado a dois anos e oito meses de prisão por corrupção passiva depois que a Polícia Federal encontrou depósitos de 4 mil reais da doleira para ele. Carvalho disse à CPI que era um empréstimo e negou ter participado de operações ilegais.
O superior dele na agência, o ex-gerente José Aparecido Augusto Eiras, foi acusado pela doleira de ter uma sociedade com Raul Srour.
No depoimento à CPI, Eiras também negou ter participado de operações ilegais, mas admitiu que uma cunhada dele foi sócia do doleiro em uma empresa de cobrança. Isso depois de o doleiro ter comprado a empresa da mulher dele.
O deputado Altineu Cortes (PR-RJ) questionou o ex-gerente, que se aposentou do Banco do Brasil depois de ter seu nome envolvido nas operações.
Deputado Altineu Cortes - "Ou o senhor está falando mentira ou o Rinaldo saiu daqui e falou mentira. Porque ele disse que as operações que vocês faziam eram operações fora do padrão normal. O senhor acha que era tudo normal?"
Ex-gerente José Aparecido Augusto Eiras - "Fora do padrão normal?"
Deputado Altineu Cortes - "É. O senhor acha que a movimentação da quantidade de dinheiro que era depositada pelo senhor Raul, tá entendendo, depois que o senhor arrumou emprego pra cunhada do senhor, abriu uma empresa pra ela, o senhor acha que um gerente do Banco do Brasil deve fazer isso? Pode fazer isso?"
Ex-gerente José Aparecido Augusto Eiras - "Não, inclusive eu falei aqui no início: por minha infelicidade, uma grande burrice minha fazer isso."
Nelma Kodama e Raul Srour são apontados pela Polícia Federal como integrantes do esquema de lavagem de dinheiro de Alberto Youssef.
Kodama foi condenada a 18 anos de prisão por abrir empresas de fachada que remetiam dinheiro para fora do país por meio de operações fictícias de importação. Ela usava a corretora de Raul Srour para fazer isso.
A atuação das corretoras de câmbio nas fraudes que permitiram o pagamento de propina na Petrobras é um dos focos de investigação da CPI.
O relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) antecipou que o relatório final da CPI deve sugerir um limite para a atuação das corretoras.
"O depoimento deles, embora não convincente, vai criando nos membros da comissão uma convicção de que o sistema de fiscalização precisa ser aprimorado e que esta norma que permitiu as corretoras de fazerem o fechamento das operações cambiais é algo que precisa ser refletido."
Nesta quinta a CPI deve ouvir o depoimento do doleiro Raul Srour e de outros três operadores de câmbio.








