17/08/2015 20:22 - Saúde
17/08/2015 20:22 - Saúde
A Comissão de Agricultura realizou audiência pública para discutir o vínculo entre os agrotóxicos e doenças graves. Um terço dos alimentos consumidos no dia a dia pelos brasileiros está contaminado pelos agrotóxicos, segundo análise de amostras coletadas nos 26 estados em 2011, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Os agrotóxicos usados na agricultura, no ambiente doméstico e em campanhas de saúde pública como inseticida estão associados a diversas doenças como o câncer, o mal de Parkinson e a depressão.
Pesquisador da Fiocruz, Luiz Claudio Meirelles, participou do debate que ocorreu na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul. Ele alerta para a ingestão contínua de quantidades pequenas de agrotóxicos no dia-a-dia:
"75% dos alimentos têm resíduos de agrotóxicos. A cada vez que você bota uma refeição na mesa, ela está ali com uma quantidade de resíduos enormes, e os estudos têm mostrado que chegam a 17 diferentes tipos de agrotóxicos para o qual a ciência sequer tem ferramental para dizer como é que isso vai funcionar para a vida."
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (o Inca) alguns herbicidas banidos do mercado internacional ainda têm livre trânsito no País. É o caso do glifosato, usado no plantio da soja geneticamente modificada. O agrotóxico que foi associado ao surgimento de câncer, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o mais consumido no Brasil.
A pesquisadora do Inca, Márcia Sarpa, acredita que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Avisa, precisa reavaliar o teor nocivo de alguns agrotóxicos. Ela cita algumas medidas defendidas pelo Instituto:
"Proibir também no Brasil o uso de agrotóxicos que já são proibidos em outros países. Se já são proibidos em outros países, porque jogar para a gente. Fim dos subsídios públicos aos venenos e implantar também nos municípios as vigilâncias em saúde dos trabalhadores expostos e da população."
Durante o debate, o deputado Zeca do PT, do Mato Grosso do Sul falou sobre sua proposta para enfraquecer o uso de herbicidas ilegais:
"A ideia é apresentar um projeto de lei para a Câmara Federal através da bancada do PT e do núcleo agrário que determine que propriedade em que for encontrado produto agrotóxico contrabandeado, portanto com componentes que sejam proibidos no Brasil, essa propriedade seja passível de ser desapropriada para efeitos de reforma agrária."
Para ser comercializado no Brasil, o agrotóxico deve passar pela análise da Anvisa, vinculada ao Ministério da Saúde, e dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
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