08/07/2015 20:32 - Segurança
Radioagência
Federação revela que 86% dos policiais federais estão insatisfeitos com atividade profissional
Vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luis Antônio Boudens, afirmou, nessa quarta-feira, que a situação da Polícia Federal não é boa. Segundo ele, equipamentos simples como vestimentas e coletes à prova de balas deixam a desejar na qualidade e muitos policiais acabam comprando com o próprio dinheiro esses produtos.
Boudens participou de audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que discutiu as condições de trabalho dos profissionais de segurança pública. Ele trouxe dados importantes para sua apresentação e mostrou que 86% dos policiais federais não estão felizes com a atividade profissional que desempenham.
De acordo com Boudens, nos últimos quatro anos, 38 policiais federais morreram, 20 em operação e outros 18 tiraram a própria vida, muito provavelmente por não aguentarem a pressão diária da profissão.
Para Luis Antônio Boudens, a causa de todos esses problemas é a forma como a Polícia Federal é gerida.
"O grande problema nas estruturas policiais é que a gestão ficou reservada a pessoas que são formadas em direito. Então, se ele não tem especialização numa área de administração ou de gestão pública, é obvio que ele vai administrar mal o órgão. E como estamos falando de pessoas e de um ser humano que de certa forma é especial, pois ele protege o outro e faz um juramento de vida pelo próximo e pela sociedade, ele precisa de um cuidado especial, ele precisa de um gestor que tenha completo entendimento da função desse profissional."
Profissionais de outras unidades de segurança pública também foram representados na audiência pública. O representante da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, Dovercino Borges Neto, ressaltou que além da falta de apoio psicológico, faltam aos policiais rodoviários equipamentos de melhor qualidade.
Segundo ele, que entrou para o órgão em 1994, até houve uma evolução na qualidade das viaturas utilizadas, porém ele destaca que os veículos são originais de fábrica, passando apenas por simples ajustes, como a mudança de cor e a instalação de rádios.
Ciente que os problemas são comuns a vários órgãos de segurança pública, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, espera que o assunto ganhe mais destaque nas próximas discussões da Câmara.
"Nós não estamos falando aqui somente do âmbito federal, porque nós temos hoje, pela Constituição Federal, atribuições bem definidas. A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, no âmbito da União, as polícias civis, as polícias militares e as perícias, em um âmbito mais local, e a realidade não é diferente em setor nenhum. Então, o que queremos é pautar a segurança pública em sua totalidade e pensar em propor uma série de políticas públicas que beneficiem o setor."
Foi destacado ainda durante a audiência pública que, na última terça-feira, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que torna crime hediondo e qualificado o assassinato de policiais civis, militares, rodoviários e federais, além de integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança Pública e do Sistema Prisional.








