09/06/2015 19:02 - Meio Ambiente
Radioagência
Reservatórios de água do Sudeste e do Nordeste poderão entrar em colapso, diz especialista
A crise hídrica no Sudeste e no Nordeste ainda não terminou e os reservatórios de água das duas regiões poderão entrar em colapso, no próximo ano, caso a estação chuvosa do verão fique abaixo da média histórica.
O alerta foi feito nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados, pelo meteorologista Carlos Nobre, uma das principais referências do País em estudos sobre mudanças climáticas. Nobre participou de audiência pública promovida pela comissão especial que analisa a crise hídrica no País.

O Nordeste e o Sudeste são as duas regiões mais populosas do País, abrigando quase 70% da população brasileira. Desde 2012 os estados nordestinos convivem com a seca mais severa das últimas décadas. Já os estados do Sudeste passaram a enfrentar o problema a partir do ano passado, que atingiu mais fortemente a região metropolitana de São Paulo.
De acordo com Carlos Nobre, a meteorologia não tem como prever com tanta antecedência como será a próxima estação chuvosa nas duas regiões. A dificuldade obriga a adoção de medidas urgentes, principalmente para economizar água.
"Temos que trabalhar com essa incerteza. Em outras palavras, se você não consegue prever como será a próxima estação chuvosa, a prudência e o princípio da precaução recomendam a máxima economia de água, seja para geração de energia, seja para os sistemas de abastecimento de todo o Sudeste, principalmente para a região metropolitana de São Paulo, a região metropolitana de Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro."
Segundo Carlos Nobre, das regiões metropolitanas do Sudeste a do Rio de Janeiro é a que menos atentou para a necessidade de economizar água. Ele lembrou que a capital fluminense vai sediar as Olimpíadas de 2016, em agosto, período mais seco na cidade.
Caso as chuvas fiquem abaixo da média, e a cidade não adote medidas adicionais, poderá haver problemas durante os jogos.
No caso do Nordeste, Carlos Nobre disse que a situação é mais crítica a cada ano. Ele afirmou que a população só não foi mais atingida porque programas sociais como o Bolsa Estiagem e o Garantia-Safra conseguiram reduzir o impacto da falta de água.
"Se não fossem esses programas, que custaram até o ano passado 15 bilhões de reais, certamente o Nordeste teria entrado em uma enorme convulsão social."
Para o deputado Nilto Tatto, do PT de São Paulo, a situação descrita pelo especialista evidencia a necessidade de medidas governamentais urgentes para conter os efeitos da seca.
"O que está vindo pela frente aí é muito grave [...] Talvez o mais grave é que a gente não consegue com que isso tome conta da consciência da população como um todo."
O presidente da comissão especial que discute a crise hídrica, Celso Pansera, do PMDB do Rio de Janeiro, afirmou que o colegiado vai usar o segundo semestre para visitar regiões do País atingidas pela seca.








