09/04/2015 17:59 - Direitos Humanos
Radioagência
Mapa da Violência servirá de base para propostas da CPI sobre morte de negros
Dados do Mapa da Violência no Brasil servirão de base para propostas da CPI que investiga casos de violência contra jovens negros e pobres. O estudo mostra que em 2012, dos mais de 56 mil mortos por homicídios no Brasil, mais da metade eram jovens. Destes, 77% eram negros e 93,3% eram homens. A comissão ouviu o autor da pesquisa, Julio Jacobo, durante audiência pública nesta quinta-feira (9).
Jacobo afirmou que os principais fatores para o alto índice de homicídios de jovens negros no Brasil são a elevada taxa de impunidade e a ideia de que são os negros que moram na periferia os responsáveis pela criminalidade.
"Reina no País uma elevada impunidade principalmente em torno da violência homicida, se consegue elucidar poucos inquéritos. Praticamente 8% ou 10% dos inquéritos. Uma vez elucidados, entra todo um processo moroso de justiça. De todos eles, praticamente só 4% ou 5% dos culpados do homicídio vão para a cadeia, o resto fica libertado. Então é uma elevada impunidade que incentiva a violência."
O deputado Davidson Magalhães, do PCdoB da Bahia, autor do requerimento que solicitou a presença do autor do Mapa da Violência, explicou quais políticas públicas deveriam ser imediatamente implantadas para a diminuição do número de homicídios.
"Primeiro, nós precisamos fazer mudanças na legislação brasileira, que ela é mais rigorosa contra os crimes contra o patrimônio do que os crimes contra as pessoas. Essa é uma visão do Estado nosso patrimonialista, vinculado aos interesses do capital, e não interesse das pessoas. Segundo, políticas de segurança pública que eliminem a livre circulação de armas no Brasil. Portanto, intensificar a política do desarmamento no Brasil, é fundamental isso aí. Terceiro, políticas de segurança pública. Segurança pública ostensiva é importante. E o sistema penitenciário brasileiro, que é o maior formador de criminosos que existe no Brasil."
O sociólogo Julio Jacobo afirmou ser contrário à redução da maioridade penal, proposta em discussão na Câmara. Para ele, o Brasil não aplica as leis que já existem, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, classificado por ele como um exemplo internacional.
Ele comentou ainda a questão do Estatuto do Desarmamento, que também pode ser modificado pela Câmara. Segundo o professor, isso seria um incentivo para que qualquer pequeno conflito se converta em algo letal. Ele citou uma pesquisa recentemente concluída pelo Ministério Público de São Paulo, juntamente com o Instituto Sou da Paz, que revelou que praticamente 70% das armas de cidadãos de bem são roubadas durante assaltos.








