07/04/2015 21:00 - Política
Radioagência
CPI da Petrobras: diretor nega superfaturamento em construção de gasoduto
Em três horas de depoimento à CPI da Petrobras, o diretor de Gás e Energia da empresa, Hugo Repsold Júnior, negou superfaturamento na construção do gasoduto Gasene, que liga o Espírito Santo à Bahia, e defendeu a forma como a obra foi feita.
Para construir os 1.300 quilômetros de gasoduto, a Petrobras criou uma empresa privada, a Transportadora Gasene, o que foi questionado por uma auditoria do Tribunal de Contas da União. Segundo o TCU, a Transportadora era uma empresa de fachada, constituída para burlar a fiscalização dos recursos empregados na obra, que custou R$ 6 bilhões.

Hugo Repsold disse que a Petrobras cria empresas privadas para executar projetos desde a década de 90 e que isso é feito apenas para financiar a obra. Ele negou também que um dos trechos do gasoduto tenha tido um superfaturamento de 1.800%, como disseram os auditores do TCU. Segundo o diretor da Petrobras, este superfaturamento foi verificado apenas na compra de uma manta que custou R$ 30 mil. De acordo com Repsold, o gasoduto custou 20% a mais que o estimado no projeto original, o que está dentro do que a Petrobras considera aceitável.
As negativas do diretor da Petrobras provocaram irritação nos membros da CPI. O deputado André Moura, do PSC de Sergipe, chegou a discutir com o diretor da Petrobras depois que este se disse orgulhoso de trabalhar na empresa.
Hugo Repsold – "Eu me sinto muito orgulhoso de poder contribuir, trabalhando sério e duro para este desenvolvimento"
Deputado André Moura (PSC-SE) – "O senhor se sente orgulhosos de participar..."
Hugo Repsold – "De ser o diretor de gás e energia da Petrobras"
Deputado André Moura – "Deste esquema de corrupção na Petrobras?"
Hugo Repsold – "Eu não participei de nenhum esquema, de nenhum ilícito na Petrobras"
O depoimento de Hugo Repsold fez os membros da comissão questionarem os rumos da CPI. O deputado Ivan Valente, do Psol de São Paulo, pediu a convocação dos empreiteiros que fizeram delação premiada e do doleiro Alberto Youssef, acusado pelo Ministério Público de ser o centro do esquema de lavagem de dinheiro da Petrobras.
Também houve pedidos de convocação do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do empresário Fernando Soares, apontado como operador do PMDB.
O deputado Onyx Lorenzoni, do Democratas do Rio Grande do Sul, também pediu depoimentos mais consistentes.
"Nós temos um conjunto de requerimentos aprovados de pessoas que poderiam dar uma extraordinária colaboração à investigação. Eu só queria chamar a atenção de todos os membros da CPI da Petrobras que nós temos que focar naqueles que podem realmente colaborar com a investigação e me parece que um ou outro depoimento está sendo escalado para vir aqui exatamente para vir aqui ganhar tempo."
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta, do PMDB da Paraíba, disse que está agindo com transparência e seguindo o cronograma combinado com os deputados. O próximo depoimento à CPI será o do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, nesta quinta-feira.








