29/01/2015 17:34 - Saúde
Radioagência
Resolução da Anvisa que libera canabidiol é debatida na Câmara
Foi publicada nesta quarta-feira (28) a resolução da Anvisa que retira o canabidiol, ou CBD, um dos componentes da maconha, da lista de substâncias proibidas no Brasil. A Anvisa acatou as indicações técnicas de que a substância não causa dependência e pode ser usada de forma terapêutica.
A demora para a liberação do CBD no Brasil se explica porque até pouco tempo atrás nenhum laboratório havia pedido registro de medicamentos com CBD e a Anvisa só pode se posicionar tecnicamente a partir de um pedido formal. Agora, a importação do medicamento será mais fácil, mas a Anvisa ainda vai editar uma regulamentação para simplificar o processo. A venda em farmácias não está autorizada porque isso depende de outra análise.
Em dezembro, o Conselho Federal de Medicina publicou uma resolução (Resolução nº 2.113/2014) que autoriza o uso do canabidiol para crianças e adolescentes que sofrem com crises de epilepsias que não respondem aos tratamentos convencionais. Mas, segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Brito, a liberação é para uso restrito:
"Apenas para as epilepsias da infância refratárias ao tratamento convencional que só podem ser prescritas pelos médicos neurologistas, neurocirurgiões e psiquiatras e tanto os médicos quanto os pacientes têm que fazer cadastro no Conselho Federal de Medicina."
Segundo ele, há psiquiatras que criticam o uso indiscriminado do CBD para controlar doenças porque não há grandes estudos que justifiquem essa liberação. Mas a terapeuta ocupacional Andrea Donatti Galassi discorda. Segundo ela, o canabidiol vem demonstrando mais eficácia do que medicamentos conhecidos.
"Eu sugeriria que fosse revista porque vai eliminar, vai restringir por demais o uso e as pessoas vão ter que provar que já utilizaram vários outros medicamentos ou várias outras tentativas com outras terapêuticas, sendo que o CBD poderia ser a primeira opção porque ele tem uma eficácia comprovada empiricamente, mais do que os outros medicamentos utilizados."
A deputada Mara Gabrilli , do PSDB de São Paulo é tetraplégica e já fez uso do canabidiol. Ela acredita que, como o Brasil é um dos países do mundo onde mais se realizam pesquisas sobre o canabidiol, muitas portas vão se abrir com a decisão da Anvisa.
"E agora nossos laboratórios aqui também vão ter que se preocupar para que a gente tenha esse produto no Brasil. Porque a importação é cara, então a gente tem que pensar no futuro dessas pessoas que se beneficiam desse medicamento para que o Brasil possa ter o medicamento ao invés de a gente importar."
Mara Gabrilli promoveu um seminário sobre a legalização do canabidiol realizado na Comissão de Seguridade Social da Câmara.








