08/10/2014 18:13 - Administração Pública
Radioagência
Meire Poza admite ter emitido R$7 milhões em notas frias para Youssef
A ex-contadora de Alberto Yousseff, Meire Poza, admitiu nesta quarta-feira (8), em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a Petrobras, que emitiu mais de R$ 7 milhões em notas frias a pedido do doleiro. Ela declarou que, dos R$ 7 milhões, R$ 1 milhão teria ido para a empresa Grande Moinho Cearense, a pedido do deputado Luiz Argôlo, do Solidariedade baiano. A empresa pertence ao grupo de Carlos Jereissati.
Poza também relatou aos membros da CPMI que buscou na casa do jornalista Breno Altman, durante três meses, R$ 15 mil em espécie, que foram entregues a Enivaldo Quadrado. Quadrado é braço direito de Yousseff na administração das empresas do doleiro e foi condenado no processo do mensalão a uma multa de R$ 232 mil. Segundo Meire Poza, o dinheiro era para o pagamento dessa multa. O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno, do Paraná, disse que pretende investigar essa denúncia.
"Esse dinheiro era entregue ao Enivaldo Quadrado, segundo declaração que a Meire Poza acaba de prestar. O que é lamentável é que muitas das informações continuam sendo blindadas, principalmente das empreiteiras. Então, queremos a quebra de sigilo fiscal e bancário das empreiteiras, queremos convocar o sr. Breno Altman"
Segundo Meire Poza, as empresas de Alberto Yousseff não tinham contato direto com empresas públicas, apenas com empreiteiras, como a Mendes Júnior. Ela também afirmou que não tem conhecimento a respeito de operações financeiras envolvendo a Petrobras. Ela negou informação publicada pela revista Veja de que o doleiro teria facilidades em prefeituras do PT.
O relator da CPMI, Marco Maia, do PT gaúcho, fez um balanço do depoimento da ex-contadora:
"Ela repetiu muito daquilo que ela já tinha dito em outros momentos em que esteve aqui na casa, nos momentos em que ela deu ao Judiciário e à Polícia Federal. Mas trouxe algumas novidades, como, por exemplo, a própria participação dela no esquema. Não é apenas a participação de uma contadora. Ela tinha um envolvimento direto, emitia notas frias, ela fazia pagamentos, recebia recursos, tomava dinheiro emprestado, inclusive, para o doleiro Alberto Yousseff. Ela estave aqui na condição de testemunha, mas eu acho que a Polícia Federal deveria investigá-la. Ela deve passar da condição de testemunha para investigada."
Meire Poza confirmou ainda o depoimento prestado à Polícia Federal no qual disse que Alberto Yousseff teria fechado acordo para beneficiar uma de suas empresas, a Marsans, no valor de R$ 50 milhões. Esse dinheiro viria do Fundo de Pensão dos Correios, o Postalis, e da Caixa Econômica Federal, o Funcef. Segundo ela, a operação não chegou a ser realizada porque Alberto Youssef foi preso na Operação Lava Jato. Meire Poza disse que esse dinheiro da Marsans seria repassado ao PT e ao PMDB.








