Radioagência

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados ouve nesta quarta-feira o funcionário da Caixa Econômica Federal Douglas Alberto Bento, testemunha de defesa do deputado Luiz Argôlo (SD-BA). O parlamentar é suspeito de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal. Outras testemunhas indicadas pelo advogado também foram convidadas, mas apenas Bento confirmou presença.

Dois pedidos de investigação contra Luiz Argôlo foram apresentados pelo PPS e pela Mesa Diretora da Câmara, ambos com base em reportagens da revista Veja e do jornal Folha de São Paulo que citam mensagens trocadas entre o doleiro e o deputado sobre a transferência de R$ 120 mil para a conta do chefe de gabinete do parlamentar, Vanilton Bezerra. De acordo com a Folha, Argôlo também teria recebido do doleiro dois caminhões de gado. Em depoimento, na semana passada, Bezerra negou ter recebido dinheiro.

Em nova reportagem da revista Veja divulgada nesta semana, a ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Bonfim Poza, inclui Argôlo entre os parlamentares que recebiam pagamento do doleiro. Segundo a revista, Meire afirmou que "Luiz Argôlo era cliente e ao mesmo tempo sócio de Beto" (apelido de Alberto Youssef). A ex-contadora teria dito ainda que os dois "tinham parcerias em obras e negócios" e que ela, pessoalmente, teria feito muitos pagamentos para Argôlo. "Ele vivia no escritório", teria afirmado Meire Poza.

Diante disso, o relator no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), cogita convidá-la a depor.
"Tem muita coisa ainda para ser esclarecida nesse processo e acho que seria interessante convidá-la ao Conselho. Eu estou analisando apenas os aspectos formais para este convite porque eu já tinha encerrado a parte das testemunhas do relator. Eu já tinha anunciado o início da oitiva das testemunhas de defesa. Então, estou vendo apenas essa questão formal. Mas, acho que, diante da gravidade das afirmações que ela faz, seria muito importante ouvir o depoimento dela no Conselho."

Marcos Rogério (PDT-RO) disse ainda que as duas representações propostas no Conselho de Ética pelo PPS e pela Mesa Diretora poderão ser unificadas. Por conta disso, seu parecer deverá ser apresentado na primeira semana de setembro.

Luiz Argôlo já apresentou ao Conselho duas defesas preliminares - uma para cada representação. Segundo o relator, os documentos tratam de questões como nulidades, prazos e ilegalidades de provas, sem entrar no mérito das acusações. O depoimento do parlamentar só terá data confirmada após os depoimentos das testemunhas listadas pela defesa e pelo relator.