02/07/2014 16:26 - Política
Radioagência
Dono de laboratório diz que André Vargas ajudou nos contatos com o Ministério
O proprietário do laboratório Labogen, Leonardo Meireles, disse aos deputados do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara que o deputado André Vargas, do PT do Paraná, ajudou nos contatos entre a empresa e o Ministério da Saúde para viabilizar a assinatura de uma parceria entre os dois. O empresário esclareceu que procurou Vargas por indicação do doleiro Alberto Youssef. Mas disse que não participou de reunião onde estivessem presentes, ao mesmo tempo, o deputado e o doleiro.
Youssef foi preso em março, na operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga lavagem de dinheiro. No processo contra o deputado André Vargas no Conselho de Ética está sendo apurada a relação do parlamentar com o doleiro e se houve ou não tráfico de influência a favor da Labogen.

Ao deputado Izalci, do PSDB do Distrito Federal, Meireles afirmou que teve poucos contatos com Vargas:
"[Izalci] Que vossa senhoria foi indicado para falar com o deputado André Vargas pelo Youssef.
[Leonardo] Sim
[Izalci] Quando ele pediu que vossa senhoria procurasse o deputado André Vargas, o que que ele disse? Ele disse que ele é que estava cuidando deste caso, ele que podia ajudar?
[Leonardo] Só disse que eu apresentasse o projeto, que fosse de interesse da saúde pública do Brasil. Ponto."
Leonardo Meireles disse que Alberto Youssef fazia parte de um fundo de investidores que emprestou recursos para a sua empresa e colocou R$ 1,2 milhão no novo projeto. O empresário se negou a responder como o doleiro usava as contas da empresa, mas disse que recebia 1% por isso.
O dono da Labogen contou aos parlamentares que comprou o laboratório com uma dívida de US$ 54 milhões porque já haviam sido anunciadas mudanças legais que favoreceriam a empresa como isenções fiscais no processo de nacionalização da produção.
A outra testemuha, Esdra Ferreira, que é sócio minoritário da Labogen, não quis responder as perguntas dos deputados após orientação do seu advogado. Só respondeu que não conhece o deputado André Vargas. As investigações policiais em poder do Conselho de Ética mostram que Leonardo Meireles teria conhecido Esdra como frentista e o chamou para ser sócio da empresa. Meireles negou essa informação em seu depoimento.
Para o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais e relator do processo contra Vargas, os depoimentos foram importantes:
"O senhor Youssef usou as contas da Labogen para fazer evasão de divisas e depois esta empresa tem uma intermediação de contatos a partir de 2013 com o Ministério da Saúde e Ministério da Marinha; é claro que há um tráfico de influência. Só falta agora confirmar quem é o responsável por esse tráfico, quem fez essa intermediação via Alberto Youssef para a Labogen ter estas vantagens aqui no governo federal"
Leonardo Meireles afirmou que não é "laranja" de Youssef e que a Labogen não é uma empresa de fachada, pois é pioneira no fornecimento de antirretrovirais usados no tratamento da Aids. Ele informou que a sindicância aberta no Ministério da Saúde após as denúncias não encontrou nenhuma irregularidade nos contratos.








