01/07/2014 20:08 - Política
Radioagência
Conselho de Ética ouve Cândido Vaccareza e nega lobby de André Vargas ao Labogen
Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira, o deputado Cândido Vaccarezza do PT de São Paulo afirmou que o investigado André Vargas do PT do Paraná não fez lobby para o laboratório Labogen, que nunca se reuniu em seu apartamento em Brasília com Vargas e o doleiro Alberto Youssef e reconheceu que o colega errou ao viajar para o Nordeste em um avião pago pelo doleiro.
O deputado André Vargas admitiu ter feito a viagem durante pronunciamento na tribuna do Plenário. Ele responde a processo disciplinar por suposto envolvimento com o doleiro Alberto Yousseff, preso pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Lava Jato. A representação proposta pelo PPS, PSDB e Democratas acusa Vargas de ter atuado em favor da Labogen na assinatura de um contrato milionário com o Ministério da Saúde. O laboratório seria uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef.
Vaccarezza foi veemente nas declarações e criticou a postura de membros do Conselho que, segundo ele, fizeram um debate político ao questionarem a posição do PT em relação ao caso Vargas, que já se desfiliou da legenda pela qual militou por 24 anos. A desfiliação ainda não foi comunicada à Casa oficialmente.
"Essa discussão envolvida com o PT pelo meio, eu acho que é muito ruim. Quando se trata de um assunto ético, você não pode querer misturar política ou se aproveitar disso para fazer debate político em eleições presidenciais, como já foi dito por alguns deputados aí que eu não quero citar os nomes. /// Eu não quero responder pergunta sobre colocar a mão no fogo. Esse tipo de bravata não faz parte da minha postura. Eu defendo o Estado democrático de direito. Alguém é acusado, tem o direito de defesa. O cidadão disse para mim que não fez. Eu acredito que não fez. Se for provado que fez, eu fico contra ele. Não é uma questão de mão no fogo. A questão é política e ética. E eu acho que o Conselho de Ética tem que fazer uma investigação da ética e não fazer debate político."
O relator do processo contra Vargas, deputado Júlio Delgado do PB de Minas Gerais, descartou qualquer tentativa de debate político no Conselho de Ética e disse que o depoimento de Vaccarezza será confrontado com as evidências levantadas.
"Se o deputado André Vargas cometeu algum ato indecoroso e anti-ético em ano eleitoral a gente não tem culpa. Foi ele que cometeu e nos coube, no Conselho de Ética, após instaurada a representação, a relatoria. E nós vamos fazer a instrução (do processo) e hoje começamos um dia bastante válido. O depoimento do deputado Cândido Vaccarezza virá a contradizer ou confirmar aquilo que a gente tem apurado e o o que a gente vai ter nos autos agora, nesta instrução."
No início da reunião desta terça, a defesa do deputado André Vargas tentou, sem sucesso, adiar o depoimento do deputado Cândido Vaccarezza. O advogado José Roberto Batochio sustentou que não teve tempo hábil para ler as 4 mil páginas do arquivo com o inquérito da Operação Lava Jato enviado ao Conselho (nesta manhã) pelo Supremo Tribunal Federal. O advogado usou o mesmo argumento para não formular qualquer pergunta à testemunha.
O Conselho de Ética confirmou para esta quarta (às 10, Plenário 8) os depoimentos dos sócios do laboratório Labogen, Leonardo Meireles e Esdras Ferreira.
Já o depoimento de Alberto Youssef previsto para a tarde desta quarta-feira por meio de videoconferência não vai ocorrer. A defesa do doleiro informou à justiça federal no Paraná, onde ele está preso, que o cliente exerceria seu direito de permanecer calado. Diante disso, o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba, decidiu pelo cancelamento.








