10/06/2014 16:38 - Direitos Humanos
Radioagência
Praticantes de candomblé e umbanda denunciam casos de discriminação
Representantes de religiões de matriz africana entregaram, nesta terça-feira (10), ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, carta em que denunciam a discriminação do Estado brasileiro contra praticantes de Candomblé e Umbanda. Dezenas de religiosos estavam reunidos no Salão Verde quando encontraram o presidente.
Marcos Rezende, do Coletivo de Entidades Negras, explicou a Henrique Alves que a intolerância a essas religiões tem aumentado no Brasil.
"Esta carta tem casos de intolerância no Brasil inteiro. Vamos entregar na presidência um documento com mais de trezentos casos de intolerância religiosa no Brasil, com notícias de pessoas que morreram, foram violentadas. O dia 21 de janeiro é o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Gostaríamos que esta Casa, inclusive, reconhecesse a importância do dia 21 de janeiro como um dia para ser discutido com profundidade."
Em resposta, o presidente Henrique Eduardo Alves convidou os religiosos a voltarem à Câmara em julho em uma audiência na presidência.

"Em julho, vamos ter duas semanas de trabalho normal até o dia 15. Vamos marcar em uma semana em julho um encontro aqui."
Esta foi a segunda vez em poucas semanas que defensores das religiões de matriz africana participaram de ato no Congresso. No fim de maio, eles estiveram na Câmara para o lançamento da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Terreiro. A ocupação de espaços públicos em Brasília vem em um momento em que essa comunidade luta pelo reconhecimento da liberdade religiosa e o respeito aos lugares de culto e a seus sacerdotes, como destaca Marcos Rezende.
"Voltaremos aqui com muita frequência porque o que nós precisamos é que esta Casa entenda que este Brasil precisa dialogar com todas as religiões. Este é um Estado laico e, como Estado laico, tem que garantir a liberdade religiosa conforme prevê a Constituição e fazer com que se tenha harmonia porque não conheço religião que pregue o desamor."
Marcos Rezende lembrou os vídeos discriminatórios postados no site YouTube recentemente, cuja veiculação foi mantida em decisão judicial polêmica. Na ação, um juiz negou pedido do Ministério Público Federal para retirar o material da internet, considerado ofensivo a essas religiões. Na decisão, o juiz afirmou que Umbanda e Candomblé não eram religiões. Depois de forte reação negativa, o magistrado modificou a argumentação, porém continuou negando a retirada dos vídeos porque, segundo ele, a liberdade de expressão estaria em jogo.
Rezende também criticou que canais de rádio e TV, resultado de concessão pública, mantenham programas com teor discriminatório às religiões de matriz africana.








