07/05/2014 20:42 - Direitos Humanos
Radioagência
Seminário reúne mulheres de todo o País, reivindicam autonomia sobre seu parto
O Plenário da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados foi tomado por jovens com seus bebês. O seminário Faces da Violência Contra a Mulher reuniu mulheres de todo o País que reivindicavam a autonomia sobre seu parto.

"Pelo direito de parir, pelo direito de nascer. Somos todas Adeli, pelo direito de escolher"
O caso da mulher gaúcha Adeli Góes, que foi levada por policiais para realizar uma cesariana que não queria foi o mote para a mesa que discutiu a violância obstétrica e trouxe para Brasília as defensoras do parto humanizado.
Em 2011, dos quase três milhões de nascimentos, 53% foram cesarianas, quando a Organização Mundial de Saúde considera aceitável o índice de 15%.
A pesquisadora Daphne Rattner, presidente da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento, disse que as instituições médicas não respeitam os princípios da bioética quando tratam da mulher que vai dar a luz. Ela não é respeitada em seus sentimentos, história e cultura. No entender da especialista, parto humanizado coloca a mulher como sujeito do parto. Ela decide como quer, é seu corpo que determina seu início e é ela que faz as opções durante todo o processo.
"As evidências científicas cada vez mais mostram que a mulher tem condições de parir e muitas das práticas que foram sendo incorporadas historicamente à assistência obstétrica, sem uma avaliação de tecnologia, hoje em dia, com a medicina baseada em evidências, nós sabemos que essas práticas têm de ser eliminadas."
Daphne Rattner citou como exemplo o aumento das cesarianas desnecessárias, o parto deitado, que limita as condições da mulher de ter um parto natural, o método de empurrar o bebe para acelerar o nascimento, cortes e outros procedimentos.
Tanto Daphne, quanto Raquel de Almeida Marques, presidente da Associação Artemis, defenderam uma ampla mudança que abrange os hospitais, os profissionais e a prórpia sociedade como a única solução definitiva para essa situação de desumanização da mulher qua dá a luz. Raquel disse ainda que é preciso cobrar que a Agência Nacional de Saúde faça valer sua resolução de 2008 que controla os procedimentos adotados nos partos e torne públicas informações sobre quais são os hospitais que cumprem essas regras, assim como os números de cesarianas e outros procedimentos por médico e por hospital.
Durante a reunião, ficou decidido que uma comissão de integrantes da comissão e da bancada feminina vão pessoalmente entregar esse pedido à Anvisa.
Representantes do Ministério da Justiça e da Saúde informaram que está sendo feita uma reciclagem dos profissionais de suas áreas para atender os casos de violência contra a mulher. Especificamente com relação à gestação e nascimento, o Ministério da Saúde informou que estão sendo reformadas ou construídas 180 casas de parto ligadas aos hospitais para atender partos nos quais a autonomia da mulher seja respeitada.








