24/04/2014 16:14 - Educação
Radioagência
Reflexos da ditadura militar na educação brasileira foram discutidos em audiência
Impactos na administração universitária, exílio de professores e o desmantelamento do ensino público foram alguns dos diferentes reflexos da ditadura militar na educação brasileira apontados por cinco convidados em audiência pública na Comissão de Educação.
Para o sociólogo Emir Sader, a ditadura representou a ruptura de um modelo econômico de distribuição de renda e arrocho salarial, que teve efeitos na qualidade da educação pública. Segundo ele, o sistema de cotas é uma medida importante de reinserção social no ensino de qualidade.

O professor de Sociologia da Universidade de Brasília Sadi dal Rosso afirmou que o controle da administração universitária, a substituição de reitores e professores e a instalação de uma rede de informações do regime dentro da universidade geraram consequências que ainda hoje se observam.
"A universidade não é uma universidade que tem uma visão universalista para a sociedade. Ela deixa fora do alcance dela milhares de estudantes, eles têm que ir para as universidades privadas e assim por diante. E como não tem recursos, eles ficam fora do ensino universitário."
O presidente do Instituto Paulo Freire, Moacir Gadotti, acrescentou outros impactos, como a perda de qualidade dos educadores e a mudança curricular, com a extinção das aulas de filosofia e a criação da disciplina Educação Moral e Cívica.
Diante das recentes notícias do aumento do analfabetismo no Brasil e da queda da nota dos estudantes brasileiros em testes de leitura do Pisa, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o representante do PC do B, Volnei Garrafa, afirmou que episódios assim também se devem ao fato de a ditadura ter castrado em vinte anos uma geração de lideranças. Nesse sentido, segundo ele, o Legislativo precisa estabelecer a prioridade orçamentária para a Educação.
"O Congresso Nacional tem um papel extraordinariamente importante dentro disso. Nas definições das prioridades. De uma vez por todas, nós não podemos mais continuar com os professores com salários, principalmente professores de primeiro e segundo grau, com salários aviltantes como o que está acontecendo até hoje."
Para a deputada Alice Portugal, do PCdoB baiano, autora do requerimento para a realização da audiência pública, a expansão universitária empreendida nos governos Lula e Dilma só será sentida em 10, 15 anos, período em que o Brasil vai começar a aumentar os investimentos na educação por meio do Fundo Social do pré-sal, que vai destinar para a Educação e a Saúde R$ 300 bilhões.








