03/04/2014 18:12 - Saúde
Radioagência
Autismo: lei que criou política nacional de proteção está em fase de regulamentação
Foi celebrado nesta semana, no dia 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, criado pela Organização das Nações Unidas em 2007. Um dos objetivos da data é contribuir para que as pessoas autistas sejam melhor acolhidas e entendidas pela sociedade - fazendo com que, por exemplo, as crianças autistas estudem em escolas convencionais integradas a outras crianças e os adultos com o transtorno possam conseguir empregos.
02 de abril: Dia Mundial de Conscientização do AutismoAutismo é um termo geral usado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro. O autista, geralmente, não consegue estabelecer contato verbal e afetivo da mesma forma que as outras pessoas. O transtorno também afeta o comportamento e, muitas vezes, vem acompanhado de deficiência intelectual.
Desde dezembro de 2012, está em vigor a lei que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei 12.764/12). Uma das relatoras, na Câmara dos Deputados, do projeto que gerou a lei foi a deputada Mara Gabrilli, do PSDB de São Paulo.
A lei ainda está em fase de regulamentação e a parlamentar destaca que pais e entidades representantes dos autistas estão preocupados com a possibilidade de o tratamento das pessoas com o transtorno passar para os Centros de Atenção Psicossocial, os CAPs. Essas unidades são financiadas pelo Sistema Único de Saúde e atendem pessoas com problemas mentais, como esquizofrenia, e dependentes de crack, álcool e outras drogas. Mara Gabrilli explica por que isso não seria adequado:
"Muitos familiares acham que é um escopo totalmente diferente do escopo do autista. Então, não gostariam de ver esses dois temas misturados no mesmo espaço. E, assim, o que a gente está trabalhando: primeiro, para que experiências já exitosas na área de atendimento ao autista sejam usadas como referência e como modelo até na regulamentação dessa lei."
A psicóloga especialista em autismo, Ana Maria Bereof, esclarece que não existe cura para o transtorno, mas, com tratamento adequado, os sintomas do autismo podem diminuir bastante, em alguns casos:
"Quando a gente considera cura a ausência de sintoma, a gente não pode dizer que tem cura, tá? Quando você está gripada, quais são os sintomas da gripe? Coriza, dor de cabeça, mal estar. Você diz que está curada da gripe quando não sente mais nada disso. No autismo, não tem um sumiço total dessa sintomatologia. Tem - com tratamento e com a potencialidade da pessoa sendo devidamente explorada - o abrandamento da sintomatologia a ponto de, às vezes, não ser identificado [o autismo] na adolescência ou na idade adulta. Mas não é assim tão comum."
A psicóloga Ana Maria Bereof afirma que hoje já existem escolas com adaptações curriculares para atendar aos autistas. Mas, segundo ela, apesar dos avanços no diagnóstico e tratamento do transtorno nos últimos 30 anos, ainda há muito o que ser feito.








