Radioagência

Não houve clima para votações no plenário da Câmara na semana que antecede o carnaval, e a decisão sobre a investigação de denúncias envolvendo a Petrobras acabou adiada.

Requerimento da oposição entrou na pauta do plenário na terça-feira, pedindo a criação de comissão externa para investigar denúncias de que funcionários da Petrobras teriam recebido mais de 300 milhões de reais em propinas de uma empresa holandesa que aluga navios-plataforma. O pedido de investigação foi combatido pelo PT, mas apoiado por vários partidos da base aliada.

O embate causado pelo pedido de investigação da Petrobras acabou levando ao fim da sessão, na terça, sem votações. E o cenário se repetiu nesta quarta-feira, quando, na sessão extraordinária em que o requerimento envolvendo a estatal era o primeiro item da pauta, o plenário não atingiu número mínimo de deputados pra iniciar a votação.

Para o líder do PT, deputado Vicentinho, o pedido de investigação é fato criado para reduzir a aprovação ao governo em ano eleitoral.

"Num ano eleitoral como esse, algumas pessoas da oposição ou alguns meios de comunicação tentam plantar informações negativas e a gente está aqui para defender a verdade, sob todos os aspectos.// "

Essa foi a primeira votação no plenário depois que o chamado "blocão" foi criado, com partidos da base aliada que buscam uma atuação mais independente do governo. O bloco é informal e reúne legendas como PMDB, PDT, PROS e PP, num total de 242 deputados, quase metade da Câmara. 

O líder do PMDB, Eduardo Cunha, partido que encabeça o "blocão", afirma que é natural não atingir quórum tão próximo ao Carnaval, quando os parlamentares têm dificuldades em conseguir vôos de volta aos seus estados. Quanto ao novo bloco, o líder garante que o objetivo não é antagonizar o governo.

"Essa palavra blocão é uma terminologia que não tem o efeito da realidade. Nós temos uma aliança entre partidos, de maneira informal, para votar determinados temas, que nós conseguimos sair consensados.// A questão não é temer ou não temer, o que há é o Parlamento querendo exercer seu legítimo direito de votar matérias."

Eduardo Cunha afirma, ainda, que, no que depender do PMDB, o acordo com o governo de não votar matérias que impliquem em aumento de gastos está mantido.

Independentemente da posição do novo bloco, o líder do DEM, Mendonça Filho, garante que a oposição vai continuar lutando para investigar a Petrobras, nem que seja preciso criar uma CPI.

"A oposição vai insistir fortemente pra que a gente possa aprovar o requerimento que vai possibilitar uma comissão externa num primeiro momento e, se necessário, vamos também buscar até uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A Petrobras hoje se transformou numa caixa preta, as informações são sigilosas e não são disponíveis ao público, acionistas e à sociedade, e cabe ao Congresso Nacional fiscalizar aquela que é a maior empresa brasileira, que pertence ao povo brasileiro"

O pedido de investigação de denúncias envolvendo o pagamento de propina a funcionários da Petrobras será o primeiro item a ser votado depois do carnaval, segundo garantiu o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves. A data provável para esta votação é o dia 11 de março.