30/09/2013 17:04 - Agropecuária
Radioagência
Proposta de adicionar farinha de mandioca ao pão branco volta a discussão
A Câmara dos Deputados voltou a discutir a ideia de adicionar farinha de mandioca ao pão branco, hoje produzido exclusivamente com farinha de trigo.
A proposta (PL 5332/09), da deputada Elcione Barbalho, do PMDB do Pará, em discussão em comissão especial, prevê que haverá acréscimo de 3% de farinha de mandioca no primeiro ano de vigência da lei, 6% no segundo, e 10% no terceiro. Em troca, as indústrias que vendem esses produtos mistos ficariam isentas de pagar os tributos PIS/Pasep e Cofins.
A adição da farinha de mandioca ao pão já foi aprovada pelo Congresso em 2008, mas foi vetada pelo então presidente Luis Inácio Lula da Silva, que considerou que haveria aumento de custos e que a mistura seria de difícil comprovação.
No entanto, a relatora da proposta na comissão especial, deputada Nilda Gondim, do PMDB da Paraíba, afirma que a mudança na composição do pão teria um efeito exatamente inverso, desonerando as importações brasileiras, já que o País tem de importar a maior parte do trigo que usa:
"Vai gerar emprego e vai também desonerar o governo brasileiro, porque vai diminuir a importação da farinha de trigo."
Nilda Gondim chama a atenção para o fato de que há cerca de 14 milhões de agricultores familiares que vivem da indústria da mandioca e o País já foi o maior produtor do mundo dessa raiz, hoje ocupando apenas o terceiro lugar.
O presidente da comissão, deputado Lira Maia, do Democratas do Pará, concorda com as vantagens econômicas para o País e acredita também em ganhos nutricionais:
"Dando melhor qualidade ao pão, um preço melhor, incentivando uma atividade específica da mini e pequena produção brasileira que é a mandioca. É um produto especificamente brasileiro."
Mas para a especialista em nutrição clínica Cristina Berbert, os ganhos com a adição da mandioca ao pão devem se limitar no máximo a um preço melhor, já que a farinha de mandioca é mais barata. Ela afirma que não há diferença na quantidade de carboidratos ou outros nutrientes, e que a mudança não afetaria a população que hoje tem restrições para o consumo do pão, como obesos, diabéticos ou celíacos:
"Não vejo uma contribuição nutricional que justifique essa adição. Comparando a farinha de trigo com a farinha de mandioca, não há uma diferença muito grande de nutrientes que possa justificar essa adição."
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria, José Batista de Oliveria, é contra o projeto. Ele afirma que, além de encarecer o produto final, do ponto de vista nutricional, o pão francês fica ainda mais pobre com a mistura.








