02/09/2013 20:16 - Relações Exteriores
Radioagência
Espionagem: violação da soberania será alvo de investigações no Congresso
Brasil cobra esclarecimentos dos Estados Unidos sobre novas denúncias de espionagem. Violação da soberania nacional também será alvo de investigação na Câmara e no Senado. Documentos da NSA, a Agência de Segurança Nacional norte-americana, mostram que a presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores tiveram telefonemas e e-mails monitorados. O presidente do México, Enrique Peña Nieto, também foi espionado.
Em julho, já havia surgido a denúncia de que os Estados Unidos interceptam milhões de comunicações dos brasileiros. Ambas denúncias partiram de documentos do ex-analista da NSA, Edward Snowden, entregues ao jornalista Glenn Greenwald e divulgados pelo jornal e TV Globo.
Dilma fez várias reuniões de emergência para discutir o assunto no domingo e na segunda-feira. O novo ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, também se reuniu com o embaixador norte-americano, Thomas Shannon, e cobrou esclarecimentos oficiais dos Estados Unidos sobre o que o governo brasileiro classifica de "grave violação da soberania nacional".
"As coisas foram ditas de forma muito clara. Ele tomou nota de tudo o que eu disse, para que eles que nos enviem, por escrito, as explicações formais que o caso requer. Eu quero que o governo americano dê as explicações."
Segundo Figueiredo, a resposta efetiva do Brasil à espionagem vai depender desses esclarecimentos por parte dos norte-americanos. Ele não confirmou nem descartou a viagem oficial de Dilma Rousseff aos Estados Unidos, prevista para outubro. O Brasil também pretende levar o caso aos fóruns internacionais, como a ONU e os Brics em busca de ações conjuntas que previnam a espionagem.
Na Câmara, o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia, do PT paulista, já articula uma nota de repúdio, a ser submetida ao Plenário, como manifestação formal ao que ele chama de "prepotência inadmissível" e "bisbilhotagem" com fins comerciais e financeiros. Chinaglia também defende que o Parlamento mobilize os vizinhos sul-americanos.
"Nós temos aqui uma atuação mais incisiva no Mercosul (Parlasul), na Unasul. Como ninguém está protegido dessa ação dos norte-americanos, acho que ninguém será contrário a uma ação coordenada em defesa da legalidade. Os Estados Unidos não podem agir como um fora da lei."
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara pretende convidar os ministros da Justiça e das Comunicações para dar esclarecimentos aos parlamentares. A vice-presidente do colegiado, deputada Perpétua Almeida, do PC do B do Acre, lamenta, sobretudo, o fato de a espionagem ter sido revelada por terceiros, e não por órgãos oficiais do Brasil.
"Não podemos ser pegos de surpresa o tempo inteiro. Os ministros têm que prestar esclarecimentos ao Congresso. Temos que ter informações para poder ajudar a presidente Dilma, que está respaldada por seu Congresso. Os três Poderes têm que se unir porque, na minha opinião, isso é uma afronta à soberania do nosso país."
O Senado instala, nesta terça-feira, uma CPI para investigar a espionagem.








