29/08/2013 15:58 - Economia
Radioagência
Para especialistas, falta corpo técnico para exploração de minerais terras-raras
O principal entrave para a exploração econômica dos chamados minerais terras-raras no Brasil não é o impacto ambiental causado pela atividade. De acordo com especialistas do setor mineral, que participaram nesta quinta-feira (29) de audiência pública na Câmara, o País ainda engatinha na lavra e beneficiamento desses minerais por falta de corpo técnico capacitado e de investimentos em pesquisa.
O termo terras-raras é empregado para designar o grupo de elementos químicos utilizado na produção de componentes eletrônicos de alta tecnologia, como displays de televisores, super-ímãs, componentes para produção de energia eólica e outros. No entanto, a lavra desses minerais usa produtos altamente corrosivos, como o ácido sulfúrico e a soda cáustica. Em alguns casos, gera resíduos radioativos, como o tório e o urânio.
Segundo o diretor do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Ronaldo dos Santos, existe legislação suficiente e diversos protocolos que regem a exploração sustentável de minerais, incluindo os elementos de terras-raras.
"Não se pode abrir mão de que essa exploração seja absolutamente sustentável e limpa. E para ser limpa temos que usar a melhor tecnologia e os melhores procedimentos de preparação, de acondicionamento, de imobilização e de co-processamento, o que envolve reaproveitamento e reciclagem, até que isso seja absolutamente seguro dentro dos padrões internacionais de controle ambiental e de saúde."
Santos destaca, no entanto, que uma das principais dificuldades do País é o envelhecimento dos quadros de pessoal, sobretudo de engenheiros, sem que haja reposição. Segundo ele, o CETEM - órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia - conta atualmente com apenas 3 servidores e 3 bolsistas trabalhando com terras-raras.
O deputado Augusto Carvalho, do PPS do Distrito Federal, defendeu que a proteção do meio ambiente não pode ser invocada para fazer com que o País perca as chances de desenvolver tecnologias que países mais conscientes dessa importância estratégica já dominam.
"Não existe indústria poluente, existe indústria porca. Há tecnologia e, foi bem demonstrado hoje, que permite fazer a exploração desenvolver indústria e ramos de produção de maneira sustentável, de maneira a permitir que uma determinada exploração do minério deixe apenas uma cratera, com rejeitos que vão prejudicar uma comunidade. Então, é possível sim compatilibizar a exploração e a preservação do meio ambiente."
Augusto Carvalho concorda que a exploração de terras-raras esbarra na capacitação profissional e não em questões ambientais.
O pesquisador e doutor em Química da Universidade de São Paulo (USP), Osvaldo Antônio Serra, que também participou da audiência pública, alertou que o Brasil precisa urgentemente atentar para o próprio potencial de produzir terras-raras. Do contrário, pode ficar refém de outros países para, por exemplo, refinar petróleo e produzir equipamentos para gerar energia produzida pelo vento.








