20/08/2013 21:07 - Saúde
Radioagência
Especialistas falam em audiência sobre os perigos da deficiência de Vitamina D
A falta de Vitamina D no organismo das pessoas já é uma pandemia, ou seja, uma epidemia disseminada em vários países. 77% da população da cidade de São Paulo, por exemplo, apresentam deficiência de Vitamina D no inverno. No verão, esse percentual cai para 39% - o que ainda é considerado um número alto. Baixos níveis dessa vitamina favorecem o surgimento de doenças como câncer, hipertensão, diabetes, enfartos e derrames, além de distúbios psiquiátricos, como depressão, esquizofrenia na adolescência e distúrbio bipolar.
Essas informações foram divulgadas nesta terça-feira (20), durante audiência pública realizada pela Comissão de Seguridade Social da Câmara na qual foi discutido o papel da Vitamina D na saúde pública do Brasil. O debate aconteceu a pedido dos deputados Walter Feldman, do PSDB de São Paulo, e Dr. Rosinha, do PT do Paraná, presidente da comissão.
A maior fonte da Vitamina D é o sol, ou seja, a pessoa tem que se expor a luz solar algumas vezes por semana, sem protetor solar, por um curto período de tempo: uma média de 15 minutos diários. Muitas vezes é necessário que a vitamina seja administrada de outras formas - por meio de comprimidos, por exemplo. A insuficiência ou suficiência de Vitamina D é verificada por meio de exame de sangue feito em laboratório.
O médico Cícero Coimbra, professor do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo, afirma que, apesar de a Vitamina D ser uma substância relativamente barata em comparação com outros medicamentos e apesar de ser tão importante na prevenção e cura de doenças graves, poucos médicos sabem prescrever a dose adequada da Vitamina D:
"Diversas doenças graves e incapacitantes, como a própria esclerose múltipla, seriam evitadas com uma dose tão simples como 5 mil UI, que não tem risco nenhum. Mas, por falta de informação - não vou dizer ignorância, mas falta de informação - a própria classe médica acaba dizendo que é tóxica, quando poucos minutos de exposição solar produzem isso. Se eu ficar vestindo trajes de banho na beira da piscina no horário correto, em dez minutos eu produzo 20 mil UI de Vitamina D. Como podem me dizer que 5 mil UI ou 10 mil UI são tóxicos? Se fosse tóxico, quando uma pessoa ficasse na piscina por 10 minutos, ela teria que ir ao hospital."
O endocrinologista e pesquisador norte-americano Michael Holick, considerado um dos maiores especialistas no assunto, participou da audiência na Comissão de Seguridade. Michael Holick destacou que o tempo necessário de exposição solar varia de acordo com o horário em que a pessoa vai tomar sol, a estação do ano e a cidade ou país em que se encontra.
Segundo o pesquisador norte-americano, o tempo médio seria de 15 a 20 minutos ao sol, sem nenhum protetor solar nos braços, pernas, abdomen e costas, mas com o rosto sempre protegido. Ele explica que o filtro solar impede que a Vitamina D seja absorvida. Depois desses minutos de exposição ao sol sem proteção, Michael Holick destacou que o uso do filtro é essencial.
Ele também informou o horário em que as pessoas têm que tomar sol para que haja absorção da Vitamina D: entre dez horas da manhã e três da tarde, porque antes e depois desses horários, o organismo não absorve a vitamina:
"So you make no Vitamin D before 9 a.m. and you make essencially no Vitamin D after 3 p.m. So, only from about 10 a.m. until 3 p.m. you will make the most Vitamin D."
Para tentar reverter o quadro de carência de Vitamina D, o deputado Walter Feldman, que também é médico, apresentou projeto de lei (PL 5363/13) que determina que as pessoas que trabalham sem interrupção por seis horas em ambientes fechados, os estudantes, os internados em hospitais e os presos tenham ter direito a períodos de pelos menos 15 minutos de descanso, antes das quatro horas da tarde, para tomar sol.
O projeto, que está sendo analisado na Comissão de Agricultura, também define outras medidas para garantir a manutenção das taxas de vitamina D da população, como o enriquecimento do leite vendido no País com a substância.








