06/08/2013 20:36 - Relações Exteriores
Radioagência
Jornalista conta detalhes sobre espionagem norte-americana a parlamentares brasileiros
O jornalista Glenn Greenwald, que tornou públicos os documentos sobre o esquema de espionagem norte-americana denunciado por Edward Snowden, disse aos parlamentares das comissões de relações exteriores da Câmara e do Senado, que o governo brasileiro pode descobrir quais empresas aqui no País colaboraram com o esquema que permitiu que a agência de segurança americana, a NSA, tivesse acesso a cerca de 5 bilhões de comunicações de cidadãos, empresas e governo brasileiro.
Greenwald explicou que a agência conta com o apoio de uma grande empresa de telecomunicações norte-americana que acessa as comunicações de cerca de 16 países. Essa empresa se valeria dos acordos operacionais com empresas sediadas nesses países para ter acesso às informações e as repassaria ao governo americano. O jornalista diz que a parceira que atua no País pode até não saber que os dados estão sendo repassados, mas ele acha isso improvável:
"A questão para o Brasil é qual empresa brasileira está trabalhando com essa empresa e se está sabendo o que essa empresa americana está fazendo. Eu acho que só o governo brasileiro, o Congresso Brasileiro pode obrigar essas empresas a responder".
O jornalista afirmou que os Estados Unidos se negam a discutir a invasão de privacidade em público porque esperam convencer os governos a não tomar atitudes concretas contra sua ação, limitando-se a protestar. Ele acredita que os países só vão reagir de verdade à invasão americana se houver pressão da população
Para o deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, também é importante também averiguar se não há pessoas de dentro do governo brasileiro atuando nesse esquema de espionagem:
"Nós já tivemos um caso em que foi detectada a ação da Polícia Federal em ações coordenadas no governo Fernnado Henrique e precisamos saber se isso não está voltando a ocorrer agora em que a ação americana é muito mais ampla e muito mais forte".
Nem todas as informações coletadas são abertas pelo governo americano. De acordo com o jornalista, há uma avaliação prévia para saber o que vale a pena ser aberto. A desculpa oficial do governo é de que a vigilância se destina a coibir o terrorismo, mas ele afirmou que há muitas informações comerciais e industriais e de governos, o que leva à conclusão de que essa espionagem visa vantagens e econômicas e aumento do poderio político. Glenn Greenwald afirmou que o mais grave de toda essa ação é que mais de 70 mil pessoas, mais da metade deles funcionários terceirizados, trabalham nesse esquema e têm acesso às informações coletadas sem qualquer tipo de limite.
Para o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Nelson Pelegrino, do PT da Bahia, esse descontrole sobre o acesso às informações é ainda mais preocupante:
"é um universo de milhares de pessoas, que estão monitorando informações da individualidade das pessoas, segredos individuais e empresariais e segredos de estado. E isso é muito preocupante, não só pela ilegalidade, mas pela possibuilidade do vazamento dessas informações e dessa utilização no plano comercial e no plano das relações diplomáticas".
O jornalista disse que ainda não publicou nem a metade das informações contidas nos mais de 20 mil documentos que recebeu de Edward Snowden, ex-funcionário da NSA, sobre a espionagem. Ele informou que tem trabalhado com especialistas para desvendar todos os documentos e que deve fazer novas revelações em cerca de dez dias.
As comissões de relações exteriores decidiram convidar o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, para discutir as denúncias apresentar por Greenwald. Os parlamentares também vão ouvir em audiência pública as empresas de telecomunicações e de Internet.








