25/02/2013 18:58 - Comunicação
Radioagência
Divergências marcam debate no STF sobre cotas para produção nacional na TV paga
Política de cotas para produção nacional na TV paga gera polêmica em audiência pública no Supremo Tribunal Federal. O debate foi convocado pelo ministro Luiz Fux, relator de três ações diretas de inconstitucionalidade contra a lei do setor de televisão por assinatura, aprovada pelo Congresso em 2011.
O ex-deputado Paulo Bornhausen, do PSD de Santa Catarina, autor do projeto que deu origem à lei, criticou a política de cotas, incluída na proposta durante sua discussão no Congresso. A medida, segundo ele, cria dificuldades para a convergência tecnológica. Com as mudanças, Bornhausen afirmou ter votado contra a aprovação da proposta por considerá-la inconstitucional.
"Leis de fomento, capacidade financeira, é uma coisa. Criar cotas e esse é o ponto principal não é uma boa solução já comprovada ao longo de muitos anos, em muitos países que a adotaram, e depois fizeram as devidas modificações. O que eu vejo talvez não seja um prejuízo imediato, mas a médio e longo prazo, da forma que se acelera o processo, da forma que a convergência se dá, nós teremos prejuízo. Nós vamos ver que o setor de radiodifusão acabou saindo muito prejudicado porque não poderá atuar no setor de teles. Com a digitalização, principalmente com a televisão digital, ficou um grande investimento sem uso"
A operadora de televisão por satélite Sky também considerou a política de cotas excessiva. Representantes dos produtores independentes ressaltaram, no entanto, a importância da legislação e o amplo debate no Congresso até se chegar a ela. Debora Ivanov, diretora-executiva do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, falou sobre os resultados positivos da legislação, que determina uma cota de três horas e meia semanais para a produção nacional nos canais que passam filmes e séries, metade da cota deve vir da produção independente.
"Já é um sucesso. A programação está sendo exibida plenamente. O consumidor brasileiro gosta do conteúdo nacional. Ele gosta de se ver na tela, com suas histórias, sua língua. Vide audiência das nossas novelas e séries. Vide que o cinema nacional também está sempre entre as dez maiores bilheterias do país. E também a nossa produção na TV a cabo é de inquestionável qualidade. Eu cito o exemplo da série infantil Peixonauta, que foi a maior audiência de todos nos canais infantis da TV a cabo"
Miriam Wimmer, da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, também participou da audiência e ressaltou o aumento da competição no setor desde a entrada em vigor da lei. Ela informou que menos de 5% dos municípios contavam com serviço de televisão por assinatura até a aprovação da leigslação. Hoje, o serviço está disponível em 70% dos municípios. O avanço, segundo o Ministério, é resultado da livre entrada de novos operadores e da não exigência de licitação, medidas previstas na lei aprovada pelo Congresso.
Essa foi a segunda e última audiência pública promovida pelo Supremo Tribunal para debater o assunto. Trinta e duas pessoas, entre representantes do governo, do mercado e especialistas foram ouvidas. O Supremo ainda não marcou a votação das ações diretas de inconstitucionalidade contra a lei do setor de televisão por assinatura.








