09/12/2025 16:51 - Economia
Radioagência
Sindicato aponta riscos em operações do Banco Master e questiona tentativa de compra pelo BRB
SINDICATO APONTA RISCOS EM OPERAÇÕES DO BANCO MASTER E QUESTIONA TENTATIVA DE COMPRA PELO BRB. A REPÓRTER EMANUELLE BRASIL ACOMPANHOU A AUDIÊNCIA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS.
Representantes do Sindicato dos Bancários de Brasília afirmaram que, desde 2024, vêm alertando para fragilidades nas operações do Banco Master e para os riscos envolvidos na operação que previa a aquisição da instituição pelo Banco de Brasília (BRB). As declarações foram feitas durante audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados.
A operação chegou a ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, em junho de 2025, que analisou apenas os efeitos concorrenciais. No entanto, o Banco Central barrou a aquisição em setembro, ao identificar riscos elevados e inconsistências nos ativos do Master, incompatíveis com o perfil do BRB. A decisão pôs fim à negociação e antecedeu a Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que investiga suspeita de irregularidades relacionadas ao Master e às tratativas de aquisição.
O diretor financeiro do sindicato dos Bancários, Ivan Amarante, relatou que a entidade acompanha o caso desde que técnicos da Caixa Econômica Federal recusaram uma operação com o Master. Segundo ele, estudos do Dieese embasaram denúncias encaminhadas pelo sindicato ao Ministério Público Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM):
“Acionamos a CVM, acionamos o Ministério Público Federal, acionamos todos os órgão de controle possíveis, para poderem atuar na questão e poderem falar sobre o assunto, pois a gente entendeu que a situação estava ser tornando muito grande para ela não ser devidamente investigada”.
Ao explicar a aprovação da operação pelo Cade, o representante do órgão, Hugo Vecchiato, afirmou que a análise não tratou da saúde financeira do Master, mas dos efeitos concorrenciais no mercado. Ele destacou que a participação conjunta de BRB e Master ficaria abaixo de 20% do mercado relevante, limite previsto na Lei 12.529/2011, o que dispensou a necessidade de imposição de “remédios concorrenciais”.
“Essa análise não se debruça sobre quem está fazendo, quem são as pessoas, qual o tipo de ativo que está sendo adquirido, mas sim em razão do efeito que isso gera no mercado”, disse.
Durante o debate, o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), autor do pedido de audiência, questionou se o Banco Central e o Cade tinham conhecimento das “quase 19” denúncias sobre irregularidades nas transações entre Master e BRB apresentadas pelo sindicato antes da suspensão da negociação. Ele falou do papel do colegiado em cobrar explicações sobre a fraude:
“É papel dessa comissão fazer esse debate porque estamos diante de um escândalo gigantesco de uma fraude evidente que a polícia já identificou, os fatos estão sendo apurados mas é preciso que o debate coloque luz sobre o processo que resultou nesse escândalo”
Durante a audiência, a deputada Erika Kokay (PT-DF) criticou a ausência de representantes considerados essenciais para o debate, como os do Banco Master, do BRB, do Banco Central e da CVM.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Emanuelle Brasil.








