02/12/2025 16:34 - Saúde
Radioagência
Debatedores defendem anestesia em lugar de cesarianas para humanizar partos
DEBATEDORES DEFENDEM ANESTESIA EM LUGAR DE CESARIANAS PARA HUMANIZAR PARTOS. A REPÓRTER MÔNICA THATY ACOMPANHOU A AUDIÊNCIA.
A possibilidade de a mulher poder tomar decisões sobre o próprio parto foi tema de debate na Comissão de Educação da Câmara. A audiência pública discutiu a ampliação da anestesia peridural para tentar reduzir o número de cesarianas no Brasil.
Uma parceria com a França propõe que as mulheres tenham informação e disponibilidade da analgesia durante o parto, como forma de humanização e conforto.
A cesariana é responsável por 57 por cento dos nascimentos no país e muitas gestantes optam pela cesariana com medo de sentir dor. Por esse motivo, a professora Mônica Almeida Neri, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, acredita que a analgesia pode ser um método alternativo para reduzir uma cirurgia que coloca em risco mãe e bebê.
“A dor do parto é muito glorificada, é muito naturalizada. Até o poeta fala: "Mãe que é mãe no parto sente dor". Mas não é assim, não podemos demais ter esse pensamento. A gente tem que pensar de disponibilizar os métodos não farmacológicos que aquela mulher possa aceitar e se para ela não estiver mais confortável, que ela tenha acesso ao método que lhe dê um conforto nesse momento tão importante da vida”.
Os participantes da reunião também destacaram a necessidade de educação e de um pré-natal bem feito para que as mulheres possam fazer suas escolhas sobre o parto com consciência e autonomia.
A vice-Presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras, Elisiane Gomes Bonfim, destaca que apenas metade das gestantes têm conhecimento sobre métodos naturais para o gerenciamento da dor durante o parto.
Elisiane Gomes defende o aumento do número de enfermeiras obstétricas e parteiras tanto no sistema público de saúde quanto no privado, como já acontece em outros países.
“A gente também não quer substituir um método não farmacológico que pela literatura e as evidências trazem não tem nenhum efeito adverso por um método ofertado em larga escala, para mulheres que poderiam não necessitar se tivesse um bom gerenciamento da dor -- e eu não tô dizendo aqui que não tem que estar disponível. Precisa estar disponível --, mas antes ela precisa ter acesso aos métodos não farmacológicos”.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) também defendeu a disseminação da informação como essencial para humanizar o parto em todo o país.
“É um assunto de saúde pública, envolve a saúde da mulher, a segurança dos partos, envolve o encarecimento para o sistema único de saúde em especial dos partos. Se a mulher está em condições perfeitas, teve um pré-natal muito bem feito, nada melhor do que o parto natural, agora nós não podemos é dizer que o parto bom é o parto em que a mulher sente dor. Essa realidade é absolutamente ultrapassada, medieval. Se a ciência evolui para possibilidade de uma anestesiologia competente, garantida, segura, atual do ponto de vista farmacológico, por que não utilizarmos?”.
A audiência pública que discutiu a ampliação da oferta da anestesia peridural à gestante para tentar reduzir o número de cesarianas no Brasil foi requerida pela deputada Lídice da Mata (PSB-BA) e presidida pelo deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Rádio Câmara, de Brasília, Mônica Thaty.








