27/11/2025 16:26 - Cultura
Radioagência
Câmara homenageia 120 anos do escritor Érico Veríssimo
CÂMARA HOMENAGEIA 120 ANOS DO ESCRITOR ÉRICO VERÍSSIMO. A REPÓRTER SOFIA PESSANHA ACOMPANHOU A SESSÃO SOLENE.
“O meu amigo mais íntimo é um sujeito que eu vejo todas as manhãs no espelho do quarto de banho, a hora onírica em que passo pelo rosto o aparelho de barbear. Estabelecemos diálogos mudos numa linguagem misteriosa, feita de ecos, de vozes alheias ou nossas, antigas ou recentes, relâmpagos súbitos que iluminam faces e fatos nos corredores do passado e às vezes inexplicavelmente do futuro. Mas que, quando analisamos os sonhos da noite, parecem processar-se fora do tempo e do espaço.”
Você acabou de escutar um pequeno trecho da interpretação do ator Rafael Sieg sobre a obra “Solo de Clarineta” do escritor brasileiro Érico Veríssimo, apresentado na sessão solene em homenagem aos 120 anos do romancista, contando com a presença de deputados, representantes do Ministério da Cultura, de editoras de livros e da neta do escritor, Fernanda Veríssimo.
Há 120 anos, no dia 17 de novembro de 1905, nascia o renomado escritor brasileiro Érico Veríssimo. O romancista que se definia como um “contador de histórias”, nasceu em Cruz Alta no Rio Grande do Sul e escreveu importantes obras para a literatura brasileira como: Olhai os Lírios do Campo e O Tempo e o Vento.
Além disso, a sessão contou com duas apresentações em homenagem ao romancista. Além da leitura de Rafael Sieg, houve a leitura de fragmentos da obra “Olhai os Lírios do Campo” pelo grupo de adolescente aprendizes da Câmara dos Deputados.
A deputada que sugeriu a solenidade, Fernanda Melchionna (Psol-RS), ressaltou a importância da literatura do escritor Érico Veríssimo, destacando a luta do autor no compromisso com a vida e com o ser humano, não com governos nem regimes, mas com a dignidade humana e liberdade de pensamento e expressão.
A Diretora Executiva da Câmara Brasileira do Livro, Fernanda Garcia, explicou como a obra de Érico gera no povo brasileiro um pensamento de busca por um país melhor.
“Celebrar o Érico Veríssimo é evocar a coragem de olhar o Brasil de frente. Em Incidente em Antares, ele nos lembra por meio de uma narrativa ousada, crítica e cheia de humanidade, que a sociedade só se transforma quando encaramos a verdade, por mais incômoda que ela seja. E talvez por isso, sua obra siga tão atual. Érico nos convida sempre a pensar sobre o país que somos e o país que podemos ser.”
Durante a sessão solene, a neta do escritor Érico Veríssimo, Fernanda Veríssimo usou as palavras de seu pai, Luis Fernando Veríssimo, para homenagear o avô.
“Se eu fosse uma só palavra para definir meu pai escolheria coerência. Porque acho que ele teve uma vida coerente, fez uma obra coerente, foi coerente com seus amigos e consigo mesmo. Envelheceu até coerentemente. Foi o mesmo homem até o fim, não sucumbiu à amargura, nem à má vontade. Foi politicamente coerente também, coisa nada comum entre os intelectuais de sua geração. E foi principalmente um homem bom, não num sentido cristão de virtuoso, mas no sentido geral de solidário, afetuoso.”
O escritor brasileiro Érico Veríssimo faleceu no dia 28 de novembro de 1975, há exatamente 50 anos.
Da Rádio Câmara de Brasília, Sofia Pessanha.








