03/10/2025 16:53 -
Radioagência
Comissão de Saúde ouve de especialistas que são necessárias políticas públicas para distúrbios do sono
COMISSÃO DE SAÚDE OUVE DE ESPECIALISTAS QUE SÃO NECESSÁRIAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA DISTÚRBIOS DO SONO. A REPÓRTER ISADORA MARINHO ACOMPANHOU O DEBATE.
Especialistas defenderam, na Comissão de Saúde da Câmara dos deputados, que o sono deve ser reconhecido como um pilar fundamental da saúde pública e destacaram a urgência de novas políticas de prevenção.
A comissão realizou uma audiência pública para discutir políticas públicas de prevenção, rastreio, diagnóstico e cuidados com a qualidade e distúrbios do sono.
Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia. De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), nos casos crônicos, a insônia costuma ter duração média de 3 anos, e pode estar presente em até 74% dos pacientes com distúrbios de sono no decorrer do ano, e em 46% deles de forma contínua, o que pode implicar em riscos para o desenvolvimento de outras doenças.
A privação de sono pode indicar alterações na saúde física ou mental. Enquanto sintoma, a insônia pode estar associada a questões psiquiátricas, como transtornos de humor, de ansiedade ou de personalidade.
A professora da faculdade de saúde pública da Universidade de São Paulo, Claudia Moreno, afirmou que as pessoas que mais sofrem com isso são aquelas que não conseguem ter os horários de dormir e acordar regulares, como as que trabalham à noite. Segundo a professora, isso contraria a natureza do próprio organismo humano.
Claudia Moreno sugeriu que é necessário adotar as chamadas práticas da higiene do sono, que demandam horários regulares, alimentação controlada, o não uso de telas na hora de dormir, um ambiente escuro e silencioso e a não ingestão de bebidas alcoólicas e cafeína perto do horário de se deitar, mas também práticas coletivas:
“O que a gente precisa para que isso seja possível para todo mundo? A gente precisa de políticas coletivas. A gente precisa regular horários de trabalho que estejam adequados com os nossos ritmos biológicos. A adequação dos horários escolares. Vocês sabiam que os adolescentes naturalmente acordam mais tarde, dormem mais tarde? Isso é uma determinação genética.”
Os distúrbios do sono estão relacionados diretamente com doenças cardiovasculares, a maior causa de mortalidade no Brasil entre pessoas maiores de 40 anos.
Edilson Zancanella, presidente da Academia Brasileira do Sono, afirmou que o sono deve ser promovido como um pilar essencial da saúde, equivalente à nutrição atividade física, e que para isso, é necessário um foco na educação e conscientização, pesquisa e políticas de saúde pública direcionadas:
“Recomendar programas educacionais sobre saúde do sono e campanhas de conscientização é o que vai fazer com que a gente possa centralizar e aumentar os dados que a gente tem sobre quantidade, sobre a qualidade do sono no mundo inteiro.”
O deputado Bruno Ganem (Podemos-SP), um dos que solicitou a audiência, explicou que o acesso à informação é o primeiro passo para viabilizar políticas públicas:
“Eu sou um defensor da prevenção, em primeiro lugar, e acredito que quando a gente fala em prevenção, a medicina do sono vem para prevenir algumas condições que a gente sabe, infelizmente, levam às vidas de milhões de pessoas.”
Foi consenso entre os especialistas presentes, que a prevenção, o rastreio e o diagnóstico dos distúrbios do sono são a forma mais eficaz de evitar o aumento do número de doenças que podem ser ocasionas pela privação do sono, sejam cognitivas, cardiovasculares ou relacionadas à saúde mental.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Isadora Marinho.








