28/08/2025 17:47 -
Radioagência
Debatedora defende quebra de patente para permitir novos medicamentos de combate ao HIV no SUS
DEBATEDORA DEFENDE QUEBRA DE PATENTE PARA PERMITIR NOVOS MEDICAMENTOS DE COMBATE AO HIV NO SUS. A REPÓRTER MARIA NEVES ACOMPANHOU A REUNIÃO COM DEPUTADOS.
Em debate na Câmara dos Deputados, sobre a incorporação de novos medicamentos de ação prolongada para combater o HIV/Aids, os participantes afirmaram que os preços atuais das novas drogas inviabilizam a oferta no Sistema Único de Saúde. Hoje existem duas medicações injetáveis de longo efeito tanto para tratamento quanto para prevenção do HIV, o lenacapravir o cabotegravir.
De acordo com a advogada da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, Susana van der Ploeg, nos Estados Unidos o cabotegravir para uso como terapia pré-exposição, a Prep, custa 22 mil dólares por ano por pessoa. O medicamento já tem registro no Brasil, mas está disponível apenas nas farmácias e custa 4 mil reais a dose. O cabotegravir deve ser injetado a cada dois meses, e é utilizado juntamente com dois outros medicamentos de uso oral.
Quanto ao lenacapravir, que está em processo de registro na Anvisa, Susana van de Plog relata que o custo para uso preventivo nos Estados Unidos é de 27 mil dólares anuais por pessoa. Tanto para prevenção quanto para tratamento do HIV, o lenacapravir é utilizado na forma de uma injeção a cada seis meses.
Uma das formas defendidas pela advogada para possibilitar a oferta desses medicamentos no sistema público de saúde é a quebra de patentes.
“O maior obstáculo que a gente tem não é científico nem tecnológico, ele é político. Então, garantia acesso justo ao lenacapravir depende de enfrentar os monopólios, usar as flexibilidades legais e priorizar a saúde pública sobre os lucros.”
Ainda segundo Susana van der Ploeg, estudos apresentados no ano passado, mostram que o custo de produção e comercialização do cabotegravir varia entre 60 a 120 dólares. Já o lenacapravir poderia ser produzido e comercializado por um valor entre 25 e 40 dólares. Para desenvolver as novas tecnologias, de acordo com a advogada, o laboratório Gealead contou com financiamento do governo dos Estados Unidos.
Autora do pedido para a realização do debate, a deputada Erika Kokay (PT-DF) relatou que São Paulo registrou queda de 54% na contaminação por HIV como resultado da terapia de prevenção oral, disponível no SUS.
Na forma preventiva, o usuário deve tomar comprimidos todos dias. Com isso, ocorre bastante desistência do tratamento, da ordem de 35%. A impossibilidade de abandonar ou esquecer a terapia é uma das principais vantagens das novas drogas, de uso prolongado.
Diante das restrições orçamentárias do SUS e do preço dos novos medicamentos contra o HIV, Erika Kokay disse que vai continuar a negociação com os órgãos do governo para possibilitar a universalização do acesso a essas tecnologias.
“Nós vamos continuar fazendo esta discussão com o governo sobre a necessidade de ter uma posição e, se for o caso, de quebra de patente, para que nós possamos produzir os genéricos necessários, na engenharia e a reversa, que você vai e faz o caminho inverso, a partir do produto você consegue os mecanismos para que o produto possa existir, e a partir daí você se apropria, não tem como você ter a apropriação de uma conquista para a saúde, para a vida das pessoas, submetida o lucro, não tem como.”
De acordo com a diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS no Brasil, Andrea Boccardi Vidarte, o Ministério da Saúde brasileiro está liderando as transações com a empresa Gelead para possibilitar a produção das novas drogas nos laboratórios públicos do país. Um dos obstáculos às negociações, segundo Andrea Vidarte, é que a Gelead não informa um preço para o Brasil e, sem isso, não há como avançar rumo a um acordo.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Maria Neves








