26/08/2025 15:07 - Consumidor
Radioagência
Especialistas cobram transparência na produção de alimentos de origem animal
ESPECIALISTAS COBRARAM TRANSPARÊNCIA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL. A AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA TRATOU DO HUMANE WASHING, OU LAVAGEM HUMANITÁRIA. ENTENDA NA REPORTAGEM DE MÔNICA THATY.
Participantes de audiência pública na Câmara alertam para a prática desleal de humane washing, ou lavagem humanitária. A tática de marketing é usada por empresas para dar a ilusão de que os seus produtos de origem animal são produzidos de maneira ética e sustentável, quando na verdade não são.
O compromisso de sustentabilidade e bem-estar animal por parte da indústria de alimentos foi debatido pelas comissões de Legislação Participativa e de Defesa do Consumidor (terça-feira, 26).
O deputado Marcelo Queiroz (PSDB-RJ), autor do pedido para a reunião, criticou o uso de frases como “empresa amiga do meio ambiente”, “amiga das águas”, “ovos livres de gaiola” e “animais felizes”, passando uma imagem que não corresponde à realidade.
A advogada Beatriz Veloso, Assessora de Relações Corporativas da Alianima, explicou que são usadas táticas como rótulos falsos ou a divulgação de informações vagas, imprecisas ou até mesmo falsas, para fingir uma atitude ética que prejudica os produtores que realmente investem em melhorias para a criação dos animais.
“Não é muito difícil nem injusto a gente concluir que um número bastante relevante de empresas ainda trata esse tema muito mais como uma ferramenta de marketing e até como uma forma de reduzir riscos reputacionais e menos como um valor integral e basilar da sua política de ESG. As empresas, elas precisam ser responsáveis pelas informações que elas compartilham e também com os compromissos que elas assumem. O trabalho de governança corporativo precisa incluir não só o controle e a fiscalização desses compromissos, mas também a comunicação transparente”.
O representante do Ministério da Agricultura e Pecuária Bruno Leite informou que o órgão está atento ao problema da rotulação falsa e da divulgação de informações inconsistentes sobre os alimentos de origem animal.
“Nós já temos uma legislação aqui que reconhece boas práticas agrícolas. Nós fizemos a revisão dela, ela está para ser publicada, onde a gente vai incluir as cadeias pecuárias. Então lá vai ter uma lista de critérios. Desde a parte ambiental e também a questão do bem-estar animal, a segurança do alimento, para que a gente possa fazer esse reconhecimento e ter ali mais uma garantia que esses procedimentos realmente estão sendo feitos na prática”.
A necessidade de adoção de critérios claros, públicos e transparentes nas informações para os rótulos também foi destacada por José Rodolfo Ciocca, diretor executivo da Certificadora Produtor do Bem.
“A certificação, ela reconhece e comunica de forma clara que produtores e indústria adotam essas melhores práticas de produção. Mais do que um selo, acaba sendo um símbolo que gera confiança no consumidor e que valoriza o produto. Então, certificar é justamente garantir transparência, garantir qualidade e essa diferenciação no mercado. A certificação, ela traz isso de uma maneira prática, uma vez que existe uma auditoria in-loco para vir fazer essas verificações”.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP), que presidiu a sessão, comemorou que a sociedade esteja ganhando consciência sobre a defesa do meio ambiente e bem-estar animal.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Mônica Thaty.








