28/03/2025 16:18 - Saúde
Radioagência
Especialistas apontam falta de recursos do SUS para incorporar medicina de precisão no combate ao câncer
ESPECIALISTAS APONTAM FALTA DE RECURSOS DO SUS PARA INCORPORAR MEDICINA DE PRECISÃO NO COMBATE AO CÂNCER. A REPÓRTER EMANUELLE BRASIL ACOMPANHOU O ENCONTRO COM DEPUTADOS.
Especialistas no tratamento do câncer apontaram a falta de recursos e de infraestrutura como os principais desafios para incorporar tecnologias avançadas de controle da doença no Sistema Único de Saúde (SUS). Eles foram ouvidos pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados sobre o combate ao câncer no Brasil.
O representante do Instituto Nacional de Câncer (INCA), Gélcio Luiz Quintella Mendes, explicou que existem duas linhas de tratamento da medicina de precisão: os testes moleculares, usados por pacientes que tenham câncer em fase avançada, e os testes hereditários, para identificar mutações genéticas que ocorrem na família.
Além disso, há a incorporação de novos medicamentos, geralmente com custos mais elevados, mas que atuam com maior precisão e aumentam a sobrevida do paciente.
No entanto, ele observou que a incorporação de remédios mais avançados, como os inibidores de ciclina para o tratamento do câncer de mama, por exemplo, esbarra nos altos custos:
“A proposta da incorporação do inibidores de ciclina (medicamento que inibe a multiplicação das células cancerígenas) tem um impacto que é mais ou menos 1/4 do custo de oncologia no SUS."
Pelo lado da indústria farmacêutica, Renato Porto, que chefia a Interfarma, disse que a rede pública de saúde é marcada pelo subfinanciamento, o que na sua visão atrasa a incorporação de novos tratamentos.
Segundo ele, pouco mais de 10% do orçamento para saúde pública é destinado a compras de tecnologias em saúde, ou seja, cerca de R$ 14 bilhões em um montante de mais de R$86 bilhões.
Porto mencionou estudo de 2024 no qual o Brasil está entre os países que menos incorpora tecnologias em saúde (disponibilizar para pacientes na rede pública e privada), se comparado aos demais países da América Latina.
“O Brasil só incorporou 4% dos medicamentos, nós estamos perdendo da Colômbia que incorporou 40%, do México que incorporou 34%. A média da América Latina é de 30% e o Brasil incorporou só 4%”,
Na mesma linha, a deputada Flávia Morais (PDT-GO) disse que estão sendo analisados na Câmara propostas para fazer frente ao custo para o orçamento público da incorporação dessa novas terapias no SUS:
"Algumas propostas de grandes relevância em relação à questão do financiamento da oncologia, como o projeto que fala dos bitcoins e a criação de uma rubrica específica no Ministério da Saúde para direcionar esses recursos que são utilizados para o câncer de forma bem específica para oncologia."
A incorporação da medicina de precisão – quando o médico aplica tratamentos específicos para o perfil genético do paciente e o tipo de tumor - está prevista no marco legal da rede pública de saúde. A Política Nacional de Prevenção ao Câncer estabelece a adoção de "alternativa terapêutica mais precisa e menos invasiva" como direito do paciente.
Da Rádio Câmara de Brasília, Emanuelle Brasil








