24/05/2024 11:23 - Economia
Radioagência
Comissão de Direitos Humanos pede cumprimento do imposto seletivo previsto na Reforma Tributária
COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS PEDE CUMPRIMENTO DO IMPOSTO SELETIVO PREVISTO NA REFORMA TRIBUTÁRIA.
Na audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara, especialistas cobraram a aplicação do texto da Reforma Tributária aprovada em 2023. A norma prevê um imposto seletivo sobre produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcóolicas e alimentos ultraprocessados.
Especialistas e demais participantes do debate destacaram a urgência na implantação de uma Reforma Tributária “3S”, ou seja, que diz respeito à solidariedade, saúde e sustentabilidade.
Laura Cury, membra do grupo de trabalho da sociedade civil voltado para a Agenda 2030, explicou que existe uma interdependência entre os eixos econômico, social e ambiental da Reforma Tributária, que, para além da lógica econômica, deve estar ligada também ao combate à fome, às desigualdades e à crise climática.
"Se ela for aplicada de uma maneira eficaz, que leve a sociedade e o bem-estar em consideração, ela pode proteger as populações mais vulneráveis [...] São essas pessoas que mais sofrem os efeitos adversos da produção e consumo de produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente, então é importante alinhar a reforma tributária aos preceitos da agenda 2030".
A deputada Erika Kokay (PT-DF) reforçou que o imposto seletivo e o incentivo a produtos saudáveis ao ser humano e ao meio ambiente devem estar agregados a uma série de outras políticas públicas, para construir uma Reforma Tributária efetivamente solidária, saudável e sustentável.
“Quando nós estamos discutindo aqui uma reforma tributária que tem os 3Ss, estamos falando de um modelo de desenvolvimento para o Brasil [...] É preciso ter a política pública de educação ambiental, é preciso ter a política pública de empoderamento das próprias populações”.
Maitê Gauto, da Oxfam Brasil, lembrou a importância de usar a tributação para fortalecer os mecanismos de redução de desigualdades. Ela frisou que a Reforma Tributária e toda a discussão proposta a partir dela traz questões que fazem parte do debate sobre Direitos Humanos.
"Quando a gente tem um sistema tributário regressivo, que impacta as rendas das famílias, a gente está falando sobre desigualdade, e a gente está dificultando, ou muitas vezes impedindo, o acesso dessas famílias mais pobres a direitos básicos, a direitos humanos".
Para os debatedores, a legislação deve estar associada ao combate à destruição ambiental, e a Reforma Tributária pode ser um importante aliado na promoção de justiça social e ambiental.
O diretor de Políticas Socioambientais do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Marcos Woortmann, concordou que o imposto seletivo deve avançar, mas longe da penalização de cadeias produtivas e trabalhadores, e sim buscando incentivar a inovação tecnológica dos setores. Ele destacou que, enquanto uma economia poluente seguir lucrativa, mesmo sendo prejudicial à saúde e ao meio ambiente, ela não vai mudar e continuará ferindo a sociedade em diversos aspectos.
"Se trata da adaptação urgente da nossa economia a uma realidade que já se impõe que é a realidade das mudanças climáticas. Não é possível mais seguir com uma economia do atraso porque os efeitos disso já estão sendo colhidos, sobretudo pelas populações mais vulneráveis, como aquelas atingidas agora no Rio Grande do Sul".
O representante do Ministério do Meio Ambiente no debate, Carlos Alexandre Pires, concordou com a proposta de taxação de produtos e serviços prejudiciais, mas chamou atenção para os efeitos colaterais do imposto seletivo. Ele explicou que é necessário sempre estabelecer metas e elementos de controle, para que, com o imposto seletivo, seja possível direcionar as políticas públicas para o uso mais racional dos recursos naturais.
Da Rádio Câmara, de Brasília, Laís Menezes








