25/01/2024 17:14 - Direito e Justiça
Radioagência
Atos públicos e protestos marcam os 5 anos do crime socioambiental de Brumadinho
ATOS PÚBLICOS E PROTESTOS MARCAM OS CINCO ANOS DO CRIME SOCIOAMBIENTAL DE BRUMADINHO. O REPÓRTER JOSÉ CARLOS OLIVEIRA ACOMPANHOU O PAPEL DO CONGRESSO EM RELEMBRAR A TRAGÉDIA.
Em 25 de janeiro de 2019, o rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, da mineradora Vale, deixou 272 mortos em Brumadinho e um rastro de lama de rejeitos de minério de ferro ao longo do Rio Paraopeba, em Minas Gerais. Uma série de atos públicos e protestos, em várias partes do país, marcaram os cinco anos desse crime socioambiental ainda sem punição para todos os responsáveis e sem a devida reparação para as famílias das vítimas e para a região atingida. Em Brasília, 272 cruzes foram colocadas sobre o gramado em frente ao Congresso Nacional em uma iniciativa do deputado Pedro Aihara (Patriota-MG), bombeiro que atuou diretamente nos resgates às vítimas de Brumadinho em 2019.
“Das 272 vítimas fatais, 269 foram localizadas, identificadas e entregues para suas famílias. Existem três ‘jóias’, que é como a gente carinhosamente apelida as vítimas ainda não encontradas. O trabalho do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais continua”.
Também por iniciativa de Aihara, o prédio do Congresso Nacional recebe projeção de vídeo em homenagem às vítimas do crime socioambiental. Falando diretamente de Brumadinho, o deputado atualizou a situação das indenizações.
“Parte das indenizações já foi paga e existem demandas que estão judicializadas. Mas, de fato, existem muitas pessoas que perderam parentes ou entes queridos e que tiveram suas atividades econômicas afetadas que ainda não foram indenizadas”.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) também foi a Brumadinho participar dos “atos de memória” e criticou o fato de a mineradora Vale permanecer impune e, segundo ele, “fazendo de tudo para não indenizar devidamente os atingidos”. Correia destacou respostas legislativas ao crime de Brumadinho, como a lei batizada de “Mar de lama, nunca mais”, aprovada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais com maior rigor no licenciamento ambiental. Do Congresso Nacional, o deputado citou a nova lei de segurança de barragens (Lei 14.066/20), em vigor desde 2020, e a recente legislação de proteção aos atingidos por barragens (Lei 14.755/23), sancionada em dezembro.
Nós já temos a Política Nacional dos Atingidos por Barragens e agora vamos saber quem são os atingidos, quais os seus direitos, como eles são reconhecidos e aquilo que é preciso que estados, municípios e a própria empresa deem de garantia a esses que sofreram o crime por parte dessas barragens”.
O crime socioambiental de Brumadinho foi alvo de CPI na Câmara dos Deputados, que indiciou a mineradora Vale e a empresa alemã Tüv Süd, responsável pelo laudo de estabilidade da Barragem do Córrego do Feijão. Posteriormente, os desdobramentos da tragédia foram acompanhados por sucessivas comissões externas, que também serviram para a fiscalização e o desabafo dos moradores. Foi o caso de Silas Fialho, líder comunitário no Parque da Cachoeira, em Brumadinho.
“A gente tem um livro de danos. Um livro. Não é página. Eu tenho um livro de nossos danos que são violados todo santo dia”.
Outro morador de Brumadinho, Marcos Rezende definiu a situação da cidade como caótica diante dos efeitos à saúde mental e da permanência de metais pesados espalhados por enchentes.
“Problemas como ansiedade, depressão, várias tentativas de autoextermínio, além de problemas de pele e problemas respiratórios devido à poeira do minério de ferro”.
Nívea Alves contou a situação de 22 comunidades rurais de Cachoeira do Choro, às margens do rio Paraopeba, em Curvelo, a quase 200 quilômetros de Brumadinho.
“O crime não matou 272 pessoas. O crime continua acontecendo e matando pessoas todos os dias”.
A líder Pataxó Cacilda Noho deu voz ao drama das aldeias às margens do Rio Paraopeba.
“As comunidades indígenas pedem socorro devido à devastação que o minério e a lama contaminada deixaram dentro de nossas comunidades”.
O drama dos atingidos foi traduzido em números por assessorias técnicas independentes. Coordenadora da Associação de Defesa Ambiental e Social (AEDAS), Yasmin Vieira citou o resultado de estudo sobre contaminação ambiental e riscos à saúde em Brumadinho.
“Identificamos potencial risco à saúde humana por ingestão de água subterrânea com concentração de metais pesados em 19% do total das nossas amostras”.
“Canta passarinho, canta / E faz nascer um novo sol em Brumadinho...”
Essa música se chama “Um canto para Brumadinho”, de Renato Goetten e interpretação de Isamara Goetten.
Os protestos em nível nacional, neste 25 de janeiro, partiram de organizações da sociedade civil, como o Movimento dos Atingidos por Barragens, que promoveu um “Tuitaço por Reparação e Justiça”. Também houve atos públicos sobre os cinco anos do crime socioambiental de Brumadinho em frente ao MASP da avenida Paulista, em São Paulo.
Da Rádio Câmara, de Brasília, José Carlos Oliveira.








