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Brasília recebe, nesta terça-feira (25), a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. O ato reúne milhares de mulheres de todo o país, em reivindicação por políticas de combate ao racismo e por um mundo mais justo e igualitário.

Em entrevista ao Painel Eletrônico (25), a deputada Dandara (PT-MG) enfatizou que a marcha não é um ato isolado, mas resultado de ações em rede nos últimos meses. Ela lembrou que o evento ocorre dez anos depois da primeira marcha, que reuniu em Brasília 100 mil mulheres. A expectativa é que a segunda edição chegue a 300 mil participantes.

“Eu estava na primeira edição da marcha 10 anos atrás. Eu tinha 20 e poucos anos e pude experimentar uma forma nova de organização política, porque a marcha não é só uma manifestação que vem a Brasília. A marcha fica durante meses reunindo as mulheres dos territórios, fazendo discussões, debates, pontos, fortalecendo, tirando mulher da situação de violência doméstica, construindo redes para as mulheres negras empreendedoras se fortalecerem. Então, a marcha é uma grande organização, um experimento para que as mulheres negras cada vez mais se encontrem e se fortaleçam,” contou.

Na Câmara dos Deputados, foi convocada uma sessão solene para homenagear nesta terça-feira a marcha das mulheres negras. A deputada Dandara é uma das autoras do pedido para a realização da homenagem.

A parlamentar destacou que as mulheres negras representam 30% da população do país. Muitas delas, enfrentando inúmeros desafios para chefiar suas famílias. Segundo Dandara, 80% das mulheres negras estão endividadas e 63% das famílias chefiadas por elas estão abaixo da linha da pobreza.

A deputada considera fundamental a aprovação pela Câmara da proposta de emenda à Constituição (PEC 27/2024) que cria um fundo de reparação do racismo estrutural no país.

“É uma PEC que responde a um desejo dos movimentos negros há mais de 100 anos no nosso país. Desde Abdias do Nascimento, Beatriz Nascimento, desde Lélia González, esse país já debate a importância da reparação. A marcha vem com esse grande tema e nós, no Parlamento, queremos o quanto antes dar uma resposta positiva a essa reivindicação do maior grupo populacional do nosso país, que são as mulheres negras,” defendeu.

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver integra também as ações dos 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, entre 20 de novembro e 10 de dezembro.

Apresentação - Ana Raquel Macedo