Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Esportes 5 - A expectativa dos medalhistas e a candidatura do Rio para sede das Olimpíadas de 2016 (06'36'')

08/09/2008 - 00h00

  • Especial Esportes 5 - A expectativa dos medalhistas e a candidatura do Rio para sede das Olimpíadas de 2016 (06'36'')

NA ÚLTIMA REPORTAGEM DA SÉRIE ESPECIAL SOBRE O FUTURO DOS ESPORTES OLÍMPICOS NO BRASIL,O JORNALISTA JOSÉ CARLOS OLIVEIRA MOSTRA AS EXPECTATIVAS DOS MEDALHISTAS EM PEQUIM QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DO ESPORTE NO BRASIL. CONFIRA TAMBÉM COMO ESTÁ A CANDIDATURA DO RIO DE JANEIRO PARA SEDIAR AS OLIMPÍADAS DE 2016.

Voltar de uma olimpíada com medalha no peito significa muito para atletas que, durante anos, mantêm uma rotina dura de treinamentos e competições. Neste aspecto, o choro e a comemoração efusiva são plenamente justificáveis. Maurren Maggi, por exemplo, trouxe uma medalha de ouro duplamente inédita: é a primeira para uma mulher brasileira em esporte individual e também a primeira no salto em distância feminino. Além de superar a russa Tatiana Lebedeva por apenas um centímetro, Maurren Maggi deixou para trás as frustrações do passado e o incômodo de uma denúncia de dopping.

"Em relação à medalha, ela dormia do meu lado. É muita alegria. A melhor sensação que eu tive foi quando vi o 7,03 m da Lebedeva, que foi um alívio. Aí comecei a gritar que eu não acreditava que eu era ouro, que eu era ouro. Foi muito bom".

Além de prestígio pessoal, a conquista de medalha também representa esperança de novos investimentos no esporte. A judoca brasiliense Ketleyn Quadros, que, antes do ouro de Maurren Maggi, já havia assegurado o bronze em Pequim, conta de onde veio a força extra para garantir a medalha.

"Eu não tenho nenhum patrocínio. Nenhum. Eu cheguei onde cheguei graças ao esforço da minha mãe, graças a um clube [Minas Tênis Clube] que me ajudou quando precisei e junto com toda base que eu tive aqui, lógico, com o pessoal de Brasília, os professores aqui da Ceilândia: foi uma base de guerreiro mesmo, que eu acho que é o que fez o diferencial na hora".

Irmão pobre do esporte mais popular do país, o futebol feminino surpreende ao conseguir resultados tão expressivos em olimpíadas, apesar da total falta de estrutura. O Brasil foi prata em Atenas e agora em Pequim. A jogadora Rosana, lateral esquerda da seleção, sentencia o que o grupo espera das autoridades do esporte, a partir de agora.

"Que vença a eficiência e não o talento. E, fora de campo, que vença a estrutura e não a desorganização".

O iatismo, esporte típico de classe média alta, também quer tirar proveito da visibilidade de seus atletas olímpicos. O sempre medalhista Robert Scheidt, agora em parceria com Bruno Prada na classe star, abocanhou a prata em Pequim. A boa surpresa ficou por conta da medalha inédita para a vela feminina. Fernanda Oliveira, que conquistou o bronze na classe 470 ao lado de Isabel Swan, quer ver o pioneirismo da dupla atraindo outras mulheres para o esporte.

"Dessa vez, eu e a Bel fomos muito felizes em conseguir agora abrir as portas para as meninas. Espero que isso motive e que mais meninas, cada vez mais, tentem velejar em nível profissional e tentem seguir um caminho o mais sério possível em busca de seus sonhos".

Também de olho no futuro, César Cielo espera que sua inédita medalha de ouro para a natação brasileira encha as piscinas com novos talentos. Já preocupado com a possível concorrência, o recordista olímpico dos 50 metros rasos não se impõe limites. O norte-americano Michael Phelps que se cuide.

"Vou continuar com os mesmos objetivos, que é melhorar sempre. Cada vez mais, as dificuldades vão ficar nos detalhes dos 50 metros: uma saída melhor, uma chegada melhor. Apesar de a prova ter sido muito boa, acho que faltou, provavelmente, uma braçada um pouquinho mais forte, que poderia ter feito a diferença para que a minha chegada pudesse ter sido mais encaixada. Então, não tem limite para tempo, não. Sempre é possível melhorar. É só acreditar no trabalho que você faz, acreditar no seu técnico e ter o apoio da família".

Atualmente, "o país do futebol" está mobilizado em torno de outras frentes esportivas. A campanha bem sucedida para sediar os Jogos Panamericanos de 2007 e a Copa do Mundo de 2014 levou o Brasil a sonhar com vôos ainda mais altos. O Rio de Janeiro disputa com Madri, Tóquio e Chicago a honra de sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Esta pretensão está longe da unanimidade. Tem muita gente que ainda não engoliu os desacertos do Pan Rio 2007 e outros questionam a prioridade que um país ainda carente de saúde e educação dá a gastos teoricamente supérfluos com esportes. Mas, a candidatura carioca passou pela primeira fase de avaliação do Comitê Olímpico Internacional e segue viva. O presidente Lula e o ex- jogador Pelé aproveitaram as Olimpíadas de Pequim para atuarem como relações públicas da candidatura brasileira. Na avaliação do diretor de esporte do COB, Marcus Vinícius Freire, a estratégia deu certo.

"Eu acho que foi um passo importante da candidatura brasileira a presença e a conversa com cada um dos 115 votantes do Comitê Olímpico Internacional. O ponto principal da nossa candidatura é que ela é diferente das outras no que se refere ao impacto na região, principalmente na população jovem. Ela vai modificar a cidade e o país antes e depois dos jogos olímpicos, como já aconteceu nos jogos panamericanos. Acho que Tóquio, Madri ou Chicago podem tranqüilamente fazer os jogos olímpicos, mas não vai fazer muita diferença para a cidade ou para o país que eles aconteçam nesses lugares. Eles acontecendo pela primeira vez na América do Sul, América Central e África vai ser um diferencial muito grande para a população".

Mas muito da infra-estrutura que foi prometida ao Rio para sediar o Pan de 2007 não saiu do papel. Marcus Vinícius acredita que dessa vez será diferente.

"No que se refere aos pontos que precisamos melhorar, o comitê de candidatura já recebeu as respostas do comitê internacional e está trabalhando em cima delas: alguma coisa de infra-estrutura, a importância do número de quartos de hotéis e as obras de melhora do aeroporto do Rio de Janeiro. Já estão sendo trabalhados todos esses pontos para reforçar, na apresentação do começo do ano, para o comitê de avaliação que vem ao Rio".

O cronograma do Comitê Olímpico Internacional prevê uma análise nos avanços das propostas de cada cidade candidata em fevereiro de 2009. A cidada-sede das Olimpíadas de 2016 será anunciada em outubro do ano que vem. E, até lá, todos torcemos para que o esporte brasileiro como um todo seja digno do esforços que os atletas fazem para um dia ter o reconhecimento olímpico que se simboliza por uma medalha pendurada no peito.

De Brasília, José Carlos Oliveira

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