Rádio Câmara

Reportagem Especial

Especial Voluntariado 2 - Projeto Reciclando os Sons (06'14'')

27/08/2007 - 00h00

  • Especial Voluntariado 2 - Projeto Reciclando os Sons (06'14'')

HOJE, 28 DE AGOSTO, SE COMEMORA O DIA NACIONAL DO VOLUNTARIADO. E NESSA SEMANA, O REPORTAGEM ESPECIAL ESTÁ APRESENTANDO CINCO MATÉRIAS SOBRE ESSE TEMA. DE HOJE ATÉ SEXTA-FEIRA, VOCÊ VAI SABER MAIS SOBRE QUATRO INICIATIVAS DE VOLUNTARIADO AQUI NO DISTRITO FEDERAL. AGORA VAMOS CONHECER O PROJETO RECICLANDO OS SONS, QUE MISTURA A MÚSICA POPULAR E A ERUDITA JUNTO COM A COMUNIDADE DA CIDADE ESTRUTURAL. ESSE PROJETO RECEBE O APOIO FINANCEIRO DO COMITÊ DE AÇÃO E CIDADANIA DOS SERVIDORES DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

"Eu fico totalmente alegre, dá vontade de chorar... depende da música, com certeza. Não sei, eu tô triste, fico alegre, tô com raiva, fico feliz. Quando eu tô com raiva lá em casa, eu pego meu violino, vou tocar, nossa, resolve tudo".

Quem acabou de falar e está tocando agora é Jhonniely Nascimento, ele mora na Cidade Estrutural, perto de Brasília. A Cidade Estrutural fica ao lado de um aterro sanitário, e começou como invasão de catadores de lixo. De treze anos para cá, uma cidade com trinta e cinco mil habitantes se formou sobre o barro vermelho e irregular das ruas da Estrutural. Jhonniely tem 16 anos, está na sétima série e participa há dois anos do projeto Reciclando os Sons. Funcionando há mais de seis anos e com um cd gravado no ano passado, o Instituto Reciclando os Sons levou oficinas musicais para a comunidade. Além do coral, são oferecidas oficinas de violino, percussão e teoria musical com prática em teclado. Maria Alice Braga, que é professora aposentada da Escola de Música de Brasília, é uma das voluntárias do projeto. Duas vezes por semana ela está em um salão simples, acompanhando o ensaio geral do coral ou dando aulas de teoria musical. Maria Alice diz que começou o trabalho como uma caridade mesmo, sem grandes expectativas, e que foi uma surpresa quando percebeu que estar ali poderia ser um prazer.

"Eu nunca pensei que eu pudesse ter a mesma satisfação que eu tinha lá. Lá eu trabalhava com alunos muito interessados muito estudiosos, inteligentes, que tinham todas as condições financeiras, familiares, e de tudo, e aqui eles não tem isso. Então eu não vim com muitas expectativas.

E as expectativas da professora Maria Alice foram superadas. Ela fala não apenas do retorno afetivo de estar com os jovens do projeto, mas também da alegria de ver os participantes evoluindo como músicos.

"Tem alunos aqui que com pouquíssimo tempo de música já estão fazendo arranjos, estão compondo, e eles falam que foi por causa das minhas aulas, embora algumas coisas que eles façam eu nem tenha o hábito de fazer. Eu sou uma musicista que sempre interpretou, sempre fui intérprete e professora, nunca compus, e muitos deles já estão compondo. E graças, segundo eles, às minhas aulas de teoria".

Um dos arranjadores de que fala a professora Maria Alice é Bruno Araújo, de 23 anos. Morador da Cidade Estrutural, depois de dois anos no Instituto, Bruno já é monitor para os outros alunos. Ele nunca tinha tido contato mais próximo com a música, que hoje preenche boa parte da sua vida. Ele lembra que foi tocado quando viu uma apresentação do coral.

"Esse grupo, mesmo antes de eu entrar, era muito comovente, muito impactante assistir. Porque da periferia não se espera muita coisa, e daqui dessa periferia da estrutural sai sim um grupo consciente da música que faz, e que aproveita essa música para mover os olhos da sociedade não só para a música de boa qualidade, mas também para essa periferia que carece de tantas coisas".

O projeto que foi iniciado pela maestrina Rejane Pacheco hoje envolve cerca de 40 jovens da Estrutural. Mas também acontecem ensaios de um coral aberto a toda comunidade. Rejane explica que o objetivo do Reciclando os Sons é oferecer uma formação musical ampla, com duração de sete anos. A música popular se mistura com a música erudita para formar músicos aptos a entrarem no mercado de trabalho da arte. A musicista conta a evolução que pode ser constatada ao longo dos anos.

"A primeira turma que eu tive, em 2001, eles eram muito pequeninhos, a faixa etária era de sete a doze, treze anos, quando eu coloquei música clássica eles dispararam a rir, acharam super estranho, engraçado... e hoje em dia eles já conhecem alguns compositores, pesquisam, produzem."

Além de ver o crescimento dos alunos, Rejane conta que outra grande alegria é ver a própria comunidade da Estrutural comprando os cds do Instituto. Em um bazar realizado recentemente, 33 discos foram vendidos. O Instituto Reciclando os Sons recebe apoio do Banco do Brasil, da Associação dos Funcionários do Banco do Brasil, do Comitê SOS Cidadania, da Bancorbrás, da empresa Memora e do Comitê de Cidadania dos servidores da Câmara dos Deputados. Se você se interessou pelo projeto e quer conhecer mais, pode procurar a maestrina Rejane Pacheco no telefone 9671-6700. Repetindo o telefone do Instituto Reciclando os Sons: 9671-6700.

De Brasília, Daniele Lessa

AMANHÃ, VAMOS CONHECER OUTRO PROJETO QUE JÁ RECEBEU APOIO DOS SERVIDORES DA CÂMARA. VAMOS SABER COMO FUNCIONA UMA AÇÃO DE VOLUNTARIADO AMBIENTAL DO SUL DO PIAUÍ. COM O ACOMPANHAMENTO DE VOLUNTÁRIOS, OS MORADORES DA REGIÃO ESTÃO GERANDO RENDA E PROTEGENDO O MEIO AMBIENTE. ACOMPANHE AMANHÃ, AQUI NA RÁDIO CÂMARA.

A abordagem em profundidade de temas relacionados ao dia a dia da sociedade e do Congresso Nacional.

De segunda a sexta, às 3h, 7h20 e 23h