Painel Eletrônico
Comissão de Saúde quer criar cadastro de pessoas traqueostomizadas para evitar a “invisibilidade” destes pacientes
28/04/2025 - 08h00
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Entrevista - Dep. Dr. Zacharias Calil (União–GO)
A Comissão de Saúde da Câmara discute a invisibilidade das crianças traqueostomizadas no Brasil. Segundo levantamento de 2023, produzido pela Academia Brasileira de Otorrino Pediátrica, houve crescimento de 23% no número traqueostomia realizadas entre 2022 e 2023, especialmente na faixa etária de 0 a 3 anos de idade. A traqueostomia é um procedimento cirúrgico que cria uma abertura na traqueia, permitindo que o ar passe diretamente para os pulmões, sem passar pela boca e pelo nariz. É geralmente realizado em pacientes com dificuldade de respiração, obstrução das vias aéreas, ou que necessitam de ventilação mecânica prolongada. Consiste na colocação de um tubo diretamente na traqueia.
O deputado Dr. Zacharias Calil (União-GO) acredita que o crescimento do número de casos tenha ocorrido pelo aumento de diagnósticos, com o avanço das tecnologias na área da saúde. Ele reclama, no entanto, da insuficiência de dados, o que faz com que essas crianças se tornem “praticamente invisíveis”. Na audiência pública, Calil quer discutir a obrigatoriedade de se cadastrar todos os pacientes traqueostomizados no país, para poder acompanhá-los melhor.
Zacharias Calil explica que, em alguns casos, a cirurgia pode deixar sequelas. Pode, por exemplo, provocar estenoses, que são estreitamentos das vias aéreas, causadas por cicatrizes da operação. Ele diz que a criança traqueostomizada pode enfrentar problemas de inclusão na escola. A família também enfrenta dificuldades, como o acesso a diagnóstico e a tratamentos, que requerem uma equipe especializada, com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e pediatras.
Calil afirmou que o suporte para a operação e o tratamento não requer grandes custos do SUS (Sistema Único de Saúde). Ele afirmou, no entanto, que é necessário adotar os procedimentos corretos, para evitar sequelas e acúmulo de secreções, por exemplo. O deputado ressalta que a decanulação, processo de remoção da cânula de traqueostomia quando ela já não é mais necessária, é um procedimento complexo e que requer um profissional especializado. Destaca ainda que os pacientes devem ser devidamente orientados para evitar, por exemplo, que entre água na canopla na hora do banho porque ela pode ir diretamente para o pulmão. Tudo isso, segundo ele, pode evitar pneumonias e broncoaspiração (entrada de substâncias estranhas, tais como alimentos e saliva, na via respiratória).
Zacharias Calil destaca, por fim, a importância da criação do Dia Nacional das Crianças Traqueostomizadas, comemorado 18 de fevereiro. Segundo ele, a data, celebrada em sessão solene na Câmara, neste ano, serve para conscientizar a população sobre o problema.
Apresentação - Mauro Ceccherini