Segurança

Quem já depôs na CMPI do 8 de Janeiro

Colegiado de deputados e senadores ouve investigados por invasões às sedes dos três Poderes em Brasília

10/10/2023 - 13:26  

Câmara dos Deputados
Funcionários da limpeza recolhem cacos de vidro
Funcionários recolhem cacos de vidro após depredação na Câmara

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro foi criada em abril para apurar negligência e omissão nas invasões ocorridas nas sedes dos três Poderes, em Brasília.

Em junho, a comissão ouviu o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime. Ele afirmou que Agência Brasileira de Inteligência (Abin) havia alertado aos órgãos de inteligência sobre o risco de ataques, mas o núcleo de inteligência do DOP não recebeu os alertas.

Bomba no aeroporto
A CPMI também já ouviu:

- o empresário George Washington Sousa, preso acusado de ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro do ano passado;

- o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro; e

- os peritos da Polícia Civil do DF Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, que fizeram exames nas proximidades do aeroporto e no caminhão.

Blitze em rodovias
A comissão ouviu ainda o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques sobre blitze feitas em estradas no dia do segundo turno das eleições. As blitze foram feitas principalmente na região Nordeste, onde está a maior parte dos eleitores de Lula.

Vasques negou que a instituição tenha atuado politicamente para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro.

Mensagens para Mauro Cid
O coronel Jean Lawand Júnior também depôs na CPMI. Ele teve que explicar mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O militar negou que as mensagens quisessem incitar um golpe de estado e afirmou que a intenção era só pedir que Bolsonaro apaziguasse os ânimos.

Mauro Cid em silêncio
Na sequência, a comissão convocou Mauro Cid, mas ele acatou orientação de sua defesa e não respondeu às perguntas dos parlamentares. O militar está preso desde maio, acusado de fraudar cartões de vacinação.

Alertas da Abin
O ex-diretor-adjunto da Abin Saulo da Cunha também esteve na CPMI e disse aos parlamentares que foram enviados 33 alertas de inteligência sobre o monitoramento dos manifestantes contrários ao novo governo.

Anderson Torres
O ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres também já foi ouvido pelo colegiado. Ele teve que explicar a chamada ‘minuta do golpe’, documento encontrado pela Polícia Federal na casa dele. Torres disse aos parlamentares que o texto é uma aberração jurídica e que não sabe quem entregou ou produziu o documento.

O depoimento do ex-ministro não convenceu a relatora. Segundo ela, o documento não estava “jogado” na casa para ser descartado, e sim muito bem guardado.

Fotógrafo da Reuters
A CPMI também convocou o fotógrafo da Agência Reuters Adriano Machado por causa de imagens em que ele aparece conferindo fotos e cumprimentando um invasor.

Adriano explicou que as filmagens retratam o momento em que um dos invasores o obrigou a apagar fotos e conferia se ele realmente havia deletado as imagens. Após a conferência o invasor o cumprimentou.

Hacker Walter Delgatti
Um dos depoimentos mais polêmicos foi o do hacker Walter Delgatti Neto. Ele afirmou aos parlamentares que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe prometeu indulto caso fosse preso por invadir urnas eletrônicas e assumir um suposto grampo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A relatora da CPMI classificou o depoimento de "bombástico". Quando foi interrogado por parlamentares da oposição, no entanto, Delgatti ficou em silêncio.

Sargento Marcos dos Reis
O colegiado ouviu também o sargento Luis Marcos dos Reis, que integrava a equipe da Ajudância de Ordens do então presidente Jair Bolsonaro. Ele disse aos parlamentares que foi um erro ter ido à Esplanada dos Ministérios durante as manifestações no dia 8 de janeiro, afirmou que intermediou a compra de um carro para Mauro Cid e se negou a falar sobre as acusações de alteração de dados em cartões de vacinação.

Ex-comandante da PMDF
A CPMI tentou ainda ouvir o ex-comandante da PMDF Fábio Augusto Vieira, mas, munido de um habeas corpus, ele ficou calado.

O militar era o comandante das tropas no dia da invasão em Brasília. Ele classificou os invasores de terroristas e vândalos e limitou-se a dizer que não estava no comando da operação.

General G. Dias
Deputados e senadores ouviram também o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias. Em audiência que durou quase sete horas, o general disse que a PM do Distrito Federal descumpriu as determinações do planejamento da segurança contra as manifestações. Ele reiterou que exerceu efetivamente ação de comando na segurança do Palácio do Planalto em meio ao que ele considerou um levante antidemocrático e um ataque inédito.

A oposição, no entanto, acusa o general de ignorar alertas da Abin sobre invasão de prédios públicos em Brasília e pediu a prisão preventiva do general.

Cabo agredida nas invasões
O colegiado também ouviu a cabo Marcela Pinno, da Polícia Militar do Distrito Federal, que fez parte do policiamento da Esplanada dos Ministérios durante os atos de vandalismo nas sedes dos três Poderes. Ela foi agredida por vândalos e acabou promovida por ato de bravura.

Marcela disse aos parlamentares que os manifestantes da linha de frente pareciam estar organizados, com atitudes coordenadas e o uso de equipamentos de proteção.

Ex-subsecretária de Inteligência do DF
A CPMI ainda tentou ouvir a ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF Marilia Alencar, mas uma liminar do STF a liberou de comparecer. A CPMI entrou com recurso contra a liminar.

Ex-chefe do Comando Militar do Planalto
O ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes também foi ouvido por deputados e senadores. Ele disse que o Exército não se omitiu nos ataques em janeiro e no desmonte do acampamento de manifestantes em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.

Novo habeas corpus
A CPMI também já tentou ouvir Osmar Crivelatti, ex-coordenador administrativo da equipe de ajudantes de ordens do presidente Jair Bolsonaro, mas ele não compareceu amparado por um habeas corpus do STF.

Wellington Macedo
Deputados e senadores também não conseguiram ouvir o blogueiro Wellington Macedo de Souza. o depoente. Amparado por um habeas corpus, ele ficou em silêncio, mas acenou com a possibilidade de fazer um acordo de delação premiada.

Ele também foi condenado por participar do atentado perto do aeroporto de Brasília.

General Augusto Heleno
A CPMI também já ouviu o general Augusto Heleno, que foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República no governo Bolsonaro.

Ele classificou de “fantasia” a declaração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, de que teria havido reuniões no Palácio do Planalto para tratar de um suposto golpe de Estado, após a vitória de Lula.

Fazendeiro investigado
O último a depor na CPMI foi o empresário mato-grossense Argino Bedin, sócio de fazendas de soja acusado de financiar atos antidemocráticos. Ele permaneceu calado durante a maior parte do depoimento.

O empresário respondeu pontualmente a alguns parlamentares. Ele confirmou seu parentesco com algumas pessoas que tinham caminhões bloqueando rodovias após o resultado das eleições de 2022. Ele também disse que é inocente e negou estar sendo intimidado.

Da Redação - ND

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