Comissão cobra detalhes do plano de vacinação contra Covid-19
Representantes de secretarias de saúde de estados e municípios e de empresas questionaram planejamento para aquisição de vacinas e seringas
10/12/2020 - 09:22
Parlamentares e representantes de secretarias de saúde de estados e municípios cobraram do Ministério da Saúde na quarta-feira (9) informações detalhadas sobre o número de pessoas a serem vacinadas contra a Covid-19 e a quantidade de vacinas pré-contratadas pelo governo federal. Também demonstraram preocupação com uma possível falta de insumos como seringas, o que poderia atrasar a vacinação.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo de Medeiros, apresentou à Comissão Externa da Câmara que acompanha as ações de combate ao coronavírus uma versão preliminar do Plano de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
Por enquanto, a previsão é adquirir 100,4 milhões de doses da chamada vacina de Oxford e 42 milhões de doses do consórcio Covax Facility, mas estão sendo assinados memorandos de entendimento que podem resultar na compra de outras vacinas.
Etapas
A primeira parte da vacinação será dividida em quatro fases, que inclui trabalhadores da saúde, idosos, indígenas, pessoas com comorbidades e professores, num total estimado de até 52 milhões de pessoas. O secretário ressalta, no entanto, que os números ainda não são definitivos e que a intenção é imunizar toda a população.
“A definição dos grupos ou das fases em que ocorrerá a vacinação está em constante mudança, porque vai depender do quantitativo de doses que efetivamente nós teremos para um determinado tempo”, disse Medeiros.
Coordenação
Presidente do Conselho Nacional de Secretários estaduais de Saúde (Conass), Carlos Lula listou algumas condições para que o Brasil não fique para trás na vacinação, frustrando as expectativas da sociedade: “Primeiro, incorporar todas as vacinas disponíveis, que sejam eficazes e seguras; segundo, ter o horizonte de 2021 para imunizar toda a população brasileira ou um número máximo de pessoas possíveis; e, terceiro, que isso seja algo coordenado pelo Ministério da Saúde”.
Parlamentares reforçaram a necessidade de coordenação por parte do ministério, principalmente na perspectiva de utilização de mais de uma vacina e cobraram a definição de um orçamento para a vacinação que possa ser negociado pelos congressistas.
Critérios
A relatora da Comissão Externa, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), ressaltou que a priorização dos grupos a receberem as primeiras doses tem que ser feita por critérios técnicos e teme uma corrida às vacinas.
“Se não for baseado em critérios técnicos e científicos, nós corremos o risco de ter arrombamento de salas de vacinas, que nós vamos ter que pensar em reforço de segurança; sequestro de caminhões com vacina no seu transporte; briga nas filas, porque ‘eu quero ser vacinado e o outro também quer ser vacinado’. Então os critérios têm que ser claros”.
Seringas
O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Willames Freire, perguntou ao representante do Ministério da Saúde quem iria comprar as seringas para a vacinação. O secretário Arnaldo de Medeiros informou que uma chamada pública já foi aberta para a aquisição do material. Mas Paulo Henrique Fraccaro, representante da indústria de material médico, alertou sobre como o processo deve ser feito.
“Não adianta querer comprar todas as seringas de uma vez só, de uma entrega única. A entrega tem que ser em função daquilo que eu vou ter de vacinas. Segundo, permitir que as empresas possam participar pelo menos com parte dos volumes que estão sendo comprados, não exigir que uma única empresa entregue todo o volume, que também não vamos conseguir”.
Segundo o Ministério da Saúde, um texto de 90 páginas sobre o Plano de Vacinação será divulgado na próxima semana. Integrantes da Comissão Externa querem marcar nova audiência pública para ter a atualização das informações sobre o planejamento do governo para a imunização contra o coronavírus.
Reportagem - Cláudio Ferreira
Edição - Cláudia Lemos