Política e Administração Pública

Competitividade depende de políticas governamentais

15/06/2005 - 20:07  

Os maiores desafios para o aumento da competitividade da economia brasileira passam, necessariamente, por políticas públicas. Essa foi uma das principais conclusões do seminário Competitividade Brasil, realizado nesta quarta-feira na Câmara.
De acordo com os debatedores, as empresas já vêm fazendo a sua parte, investindo em inovação tecnológica e produtos. O governo, porém, precisa dinamizar a economia e dar mais segurança aos empresários.
A conquista da competitividade passa pela redução da carga tributária, da taxa de juros e por investimentos em infra-estrutura, educação e pesquisas científicas. Inclui ainda a redução da burocracia da máquina pública, a reforma das leis trabalhistas e a proteção da propriedade intelectual.
"O que vai determinar a competitividade de 2015 é o que estamos fazendo hoje", disse o presidente da A. T. Kearney, consultor Mark Essle. A A. T. Kearney é especializada em estudos de competitividade global.
De acordo com Essle, os principais competidores do País no mercado externo hoje são Índia, China, Rússia e México. Enquanto esses países estão elevando sua participação nas exportações mundiais, o Brasil vem perdendo espaço.
Em 2004, os produtos brasileiros participaram em apenas 1,08% das exportações mundiais, contra 1,31% em 1985. No caso da China, as exportações subiram de 1,37% das exportações mundiais, em 1985, para 6,68% no ano passado. Essle também observou que o Brasil está investindo menos em equipamentos industriais, o que pode comprometer a produtividade das empresas.

Burocracia
O diretor-presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC), Fernando Mattos, defendeu a redução da burocracia e de alguns custos de produção, como o da mão-de-obra. Segundo Mattos, enquanto na Austrália são necessários apenas dois dias para se abrir uma empresa, no Brasil esse prazo sobe para 152 dias.
Mattos também sugeriu mais investimentos em pesquisa e maior aproximação das universidades e empresas. "As universidades geram conhecimento, mas esse conhecimento não está sendo aplicado nas empresas. Precisamos fazer o caminho inverso", afirmou. O MBC foi criado por empresários para estimular a competitividade da economia brasileira.

Crédito bancário
Outros meios foram defendidos para aumentar a competitividade. O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Roberto Luís Troster, defendeu a redução da carga tributária. Os altos índices, afirma, elevam o custo do crédito para as empresas. Mesmo ressaltando que o Brasil possui um sistema financeiro moderno, entre os mais competitivos do mundo, Troster disse que os bancos emprestam pouco, abaixo de países como Chile e França.
Enquanto os bancos brasileiros oferecem em créditos, para pessoas físicas e jurídicas, o equivalente a 35% do Produto Interno Bruto (PIB), na França esse percentual chega a 87%. Menos crédito, segundo Troster, significa menos consumo e menos crescimento econômico.
Na opinião do economista, o cenário do Brasil é favorável, com crescimento de 3,2% previsto para este ano. Só que, para manter a tendência, ele sugere a adoção de uma estratégia que inclua, entre outros pontos, a redução dos custos trabalhistas e investimentos em educação.

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Reportagem - Janary Júnior
Edição - Noéli Nobre

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