Saúde

Profissionais de saúde cobram EPIs para combater Covid-19 no Rio

Faltam máscaras para 10 mil profissionais, segundo Conselho Regional de Enfermagem

04/05/2020 - 20:01  

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Médicos e enfermeiros cobraram nesta segunda-feira (4) melhores condições de saúde, em especial equipamentos de proteção individual  (EPIs) – como máscaras, para conseguirem trabalhar no combate à epidemia de Covid-19 no Rio de Janeiro.

A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren/RJ), Ana Lúcia Telles, reclamou da falta de articulação entre Ministério da Saúde e secretarias estadual e municipais para conseguir garantir os equipamentos. “A gente tem levantado cerca de 10 mil profissionais de enfermagem expostos na linha de frente sem proteção respiratória. Não estou nem falando de óculos, capacete e capote. A máscara, que é um ponto nevrálgico”, disse.

Telles falou sobre essa preocupação durante reunião virtual promovida pela comissão externa da Câmara dos Deputados que analisa sugestões de ações contra o novo coronavírus. Segundo ela, a situação nos hospitais fluminenses está desesperadora, com as UTIs públicas já com 92% de capacidade ocupada. Até a tarde desta segunda-feira, foram confirmados 1.065 mortes e 11.721 casos de Covid-19 no estado.

Máscaras nas UPAs
A relatora da comissão, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), afirmou que é essencial garantir máscaras adequadas também para os profissionais de saúde nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que tem o primeiro contato com possíveis infectados. “Quem está nas unidades básicas de saúde precisa usar máscara cirúrgica. Os profissionais dessas unidades estão adoecendo porque o paciente chega lá assintomático”, disse.

O conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) Ricardo Azêdo afirmou que falta coordenar esforços para disponibilizar o maior número de leitos possível para o tratamento da doença. “Existem leitos que estão pontos estruturalmente, mas não tem insumo, outros têm insumo, mas não tem recursos humanos. É preciso um alinhamento de estruturação”, afirmou. Ele criticou decisões judiciais que cobram internações de pacientes em leitos onde só há a maca, mas não profissionais ou equipamentos para poder fazer o tratamento.

Sugestão semelhante foi proposta pelo presidente da comissão, deputado Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), em reunião com autoridades de saúde do estado pouco antes da reunião da comissão. Segundo ele, a medida pode conseguir viabilizar cerca de 1.300 leitos em uma semana, com a transformação de alguns hospitais em centros de referência para receber apenas pacientes de Covid-19. “É uma proposta dura, mas é pra ser mais rápido e mais correto”, disse.

Teixeira Jr. afirmou que o ministro da Saúde, Nelson Teich, irá ao Rio na quarta-feira (6) para ver a situação local e deverá ser cobrado sobre a atuação da pasta no estado.

Escolha de pacientes
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a minuta de um protocolo de critérios de escolha sobre quais pacientes devem ser priorizados no acesso às UTIs em caso de colapso da rede estadual. “Você não pode começar a escolher sem oferecer todas as condições de atendimento à população", disse Feghali. Ela cobrou mais interação entre União, estados e municípios para gerir recursos humanos, leitos e equipamentos nos hospitais da região.

O documento estabelece critérios de escolha como a situação de órgãos vitais do paciente e doenças pré-existentes.

Porém, o presidente do Cremerj, Sylvio Provenzano, afirmou que o documento é apenas uma medida para auxiliar médicos jovens e com pouca experiência a atuar na linha de frente de combate à doença e não uma “Escolha de Sofia” sobre quem deve ou não morrer. “O que a gente está fazendo é orientar aquele garoto que nem terminou a graduação completa, formado sabe-se onde, que não sabe qual o critério para internação na UTI”, disse. Segundo ele, o Estado é responsável por garantir leitos de UTI para toda a população e não os médicos.

Reportagem - Tiago Miranda
Edição - Roberto Seabra

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