Política e Administração Pública

A pedido de líderes, Executivo retira proposta que remaneja R$ 9,6 bilhões no Orçamento

01/04/2020 - 10:34   •   Atualizado em 01/04/2020 - 20:00

Cléber Medeiros/Agência Senado
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Planalto quer retirar projeto que envolveu acordo sobre emendas impositivas

O Poder Executivo enviou mensagem em que pede ao Congresso Nacional a retirada de proposta (PLN 3/20) que modifica o identificador de resultado primário (RP) de R$ 9,599 bilhões em emendas apresentadas pelo relator-geral do Orçamento de 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE).

A medida resulta de uma solicitação de líderes partidários. O pedido foi formulado ao Executivo pelo 1º vice-presidente do Congresso, deputado Marcos Pereira, no exercício da Presidência durante o período de recuperação do presidente Davi Alcolumbre, que contraiu a Covid-19.

Aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), o texto aguardava a análise dos deputados e senadores em sessão conjunta do Congresso, sem data marcada devido à pandemia do novo coronavírus.

O PLN 3/20 foi proposto pelo governo em meio a acordo para regulamentação das emendas parlamentares impositivas (de execução obrigatória). Hoje identificadas com o RP 9, o texto altera emendas do relator-geral para que sejam classificadas como RP 2, número reservado a gastos discricionários do Executivo.

Outro bloco de emendas do relator-geral é cancelado, a fim de permitir o reforço de despesas atualmente já classificadas com RP 2.

Saiba mais: Emendas do relator-geral consolidaram Orçamento para 2020

Não é usual a retirada de propostas sobre temas orçamentários. De 2000 até hoje, o Executivo retirou alterações em leis orçamentárias apenas nove vezes. Em casos de crédito suplementar, para reforço de dotações existentes, o assunto voltou ao Congresso por meio de medidas provisórias.

Calamidade
O Congresso Nacional reconheceu o estado de calamidade pública em decorrência da Covid-19. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) prevê essa situação, durante a qual fica dispensado o cumprimento da meta fiscal e o contingenciamento (bloqueio) de despesas caso não existam receitas suficientes. Algumas sanções também são afastadas.

No domingo (29), o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes concedeu liminar para flexibilizar regras orçamentárias que, na visão do governo, poderiam colocar em risco a saúde da população. Com a decisão, enquanto durar o combate à Covid-19 não é preciso apontar a origem do recursos para custear gastos emergenciais e urgentes.

Na segunda-feira (30), Executivo publicou o Decreto 10.295/20, que atualiza a programação orçamentária e financeira deste ano e libera o uso das dotações aprovadas para 2020. Conforme o texto, não haverá um cronograma específico para os empenhos.

Reportagem - Ralph Machado
Edição - Natalia Doederlein

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