Política e Administração Pública

Diretor da Abin nega treinamento de agentes em Cuba

03/05/2005 - 20:44  

O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Mauro Marcelo, negou que a instituição estivesse enviando agentes para fazer curso em Cuba. "Nunca se deu tanta transparência como se tem dado nos últimos anos às atividades de inteligência no País", disse o diretor. Ele participou nesta terça-feira, na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, de audiência sobre a relação da Abin com serviços de inteligência de outros países.
Embora não esteja previsto o intercâmbio de treinamento entre agentes, a Abin deverá estabelecer, até o fim deste ano, um acordo de cooperação para troca de informações com a Inteligência cubana. "Buscamos pontos de convergência. É uma preocupação de Cuba o narcoterrorismo, o narcotráfico, o tráfico de pessoas e de armas. É uma preocupação nossa também", assinalou o diretor.

Ida a Cuba
Mauro Marcelo destacou que, há 50 anos, a Inteligência brasileira não conversava com a cubana. De acordo com o diretor, a visita que fez àquele país, em março, serviu para iniciar contatos. O próximo passo, a ida de técnicos da Agência a Cuba, aconteceria em seguida, mas foi adiado por conta da repercussão negativa do fato na imprensa e no Congresso. O diretor disse que tomou a decisão para que o caso fosse esclarecido na audiência de hoje. Com a reunião, os trabalhos serão retomados e, segundo ele, até o segundo semestre, os agentes deverão ir a Cuba, como parte da estratégia de Inteligência para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro.
O diretor da Abin informou que é obrigação da Agência entrar em contato com todos os chefes de inteligência dos países que vão participar dos Jogos, o que já ocorreu com os países da América do Sul, com o México e com os Estados Unidos. Ele ressaltou, porém, que a atividade do órgão é de Estado e não de Governo.

Desmentido
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) questionou o diretor da Abin sobre o fato de o órgão não ter desmentido as notícias de que estaria mandando agentes fazer curso em Cuba. "Se a Abin quiser manter a transparência, tem de ficar atenta às notícias", afirmou.
O deputado disse que faz restrição a esse tipo de intercâmbio, porque o serviço de inteligência brasileiro atua em um regime democrático, o que não acontece em Cuba. Gabeira, que solicitou a realização da audiência, ressaltou que operações desse tipo teriam que ser avaliadas pelo Congresso.
Já o deputado Marcondes Gadelha (PTB-PB) disse que não vê prejuízo para a democracia no caso de intercâmbio com um país de regime totalitário. Ele afirmou que, no caso cubano, a Abin poderia aprender sobre proteção ao presidente, combate ao tráfico de drogas e obtenção de informação científica e tecnológica de altíssimo nível.

Intercâmbio
Em 2004, o intercâmbio entre serviços de inteligência envolveu mais de 2,5 mil documentos. Mauro Marcelo explicou que 95% dos serviços não têm publicidade, mas acrescentou que, se for encontrado no documento ponto de convergência, os países envolvidos assinam acordo de cooperação para tratar do assunto.
Além dos escritórios no Brasil, a Abin tem duas agências no exterior, uma na Argentina e outra nos Estados Unidos, e pretende instalar mais quatro em países da América do Sul.

Reportagem - Oscar Telles e Ana Raquel Macedo
Edição - Pierre Triboli

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