Debatedores pedem mais tecnologia e menos burocracia para desenvolvimento da Amazônia
06/11/2019 - 17:55
Em audiência pública da Comissão Mista de Mudanças Climáticas nesta quarta-feira (6) para debater um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, os participantes apontaram que esse desenvolvimento exige um uso maior da tecnologia e menos burocracia.
A chefe do escritório da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Érika de Almeida Leite, apontou a integração competitiva da região como um dos pilares da política de desenvolvimento regional. Segundo ela, a Sudam trabalha com foco na qualidade de vida da população e na geração de renda. Para Érika, é preciso levar em conta a produção sustentável e a importância dos povos tradicionais.
"A região amazônica é rica em patrimônio biológico. A gente não pode deixar de lado essa biodiversidade, que é única no mundo. Sua biodiversidade é seu maior potencial", disse Érika Leite.
Problemas
Para o especialista em políticas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Mário Augusto de Campos Cardoso, é importante destacar a riqueza hídrica e a diversidade da fauna e da flora da região. O grande desafio, ponderou, é transformar esses recursos em benefícios para a população. Ele lembrou que a região sofre com baixos índices de saneamento básico e de infraestrutura.
Mário Cardoso admitiu que não existem soluções simples para o desenvolvimento amazônico e reconheceu problemas estruturais, até pelas longas distâncias na região. Ele cobrou combate à ilegalidade e foco na regularização fundiária e no cadastro rural como bases importantes para os negócios, pois "é difícil fazer negócio sem documentos". Cardoso ainda sugeriu regras claras na destinação de terras públicas para projetos que gerem renda e emprego.
Diretor científico do projeto Amazônia 4.0, Ismael Nobre alertou que o isolamento e a pouca infraestrutura da região são considerados empecilhos para o desenvolvimento na região, mas lembrou que hoje existe tecnologia que “controla robô em Marte”. Para Nobre, é preciso fazer intensa agregação de valor a partir de recursos tecnológicos e redes sociais. Ele destacou ainda que as novas gerações têm mais consciência ambiental e estão interessadas em produção sustentável e produtos naturais.
"Esse será o público dos negócios futuros da Amazônia", afirmou.
Legislação
O vice-presidente da comissão, deputado Sergio Souza (MDB-PR), no comando da audiência, disse que percebe vontade e entusiasmo nos representantes de entidades que atuam na região, mas apontou que às vezes falta a dimensão prática. O deputado questionou a legislação ambiental, que, segundo ele, poderia estar atrasada em relação ao desenvolvimento regional da Amazônia, e pediu equilíbrio em novas propostas legislativas.
"Nós, do Congresso Nacional, precisamos nos debruçar sobre esses temas e modernizar a legislação ambiental. A sociedade precisa entender a importância da legislação para a sustentabilidade", declarou Sergio Souza.
O deputado Sidney Leite (PSD-AM) pediu políticas públicas e cobrou mais estrutura para a região. Ele também lembrou que os países em volta da floresta são potenciais consumidores dos produtos brasileiros com origem na região amazônica. O deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) reconheceu a responsabilidade dos parlamentares, mas ressaltou que existem muitas iniciativas populares que agregam valor à região.
"Se não houver uma política clara desenhada para a região, eu não vejo como vamos conseguir o desenvolvimento para a Amazônia". declarou o deputado.
Da Redação - AC (com informações da Agência Senado)