Direitos Humanos

Embaixador da Palestina reclama da perseguição de Israel em audiência na Câmara

10/10/2019 - 11:06  

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, reclamou, na última terça-feira (8) em debate na Câmara dos Deputados, que Israel não respeita as resoluções do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. “E já foram mais de 700 recomendações”, contabiliza Alzeben.

A declaração foi dada em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias que discutiu a violação de direitos humanos na Palestina.

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Representantes da Palestina relatam situação vivida nos campos de refugiados

“Nosso conflito não é entre judeus e cristãos, mas um conflito diplomático, geopolítico e econômico. O povo palestino sofre, desde 1917, um sistema de castigos coletivos, assassinatos, perseguições, destruição de casas e contaminação dos aquíferos”, denunciou o embaixador.

Histórico
O Brasil mantém relações diplomáticas formais com o Estado da Palestina desde que o Governo brasileiro reconheceu formalmente o país, em 2010.

Mas desde o início do século XX, palestinos têm chegado ao Brasil, em busca de refúgio e de melhores condições de vida. Muitos fugiam da Primeira Guerra Mundial, da perseguição do Império Otomano e, posteriormente, em decorrência da criação do estado de Israel.

Campos de refugiados
De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente, existem atualmente 59 campos de refugiados palestinos espalhados pela Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Uma das atitudes mais violentas contra os palestinos apontada pelos participantes da audiência é a destruição de casas nos territórios ocupados em Gaza. A prática já foi denunciada por diversos organismos internacionais de defesa dos direitos humanos.

“As demolições de propriedades privadas e a transferência forçada de pessoas são graves violações da Convenção de Genebra, e são crimes de guerra”, ressaltou o presidente da comissão, deputado Helder Salomão (PT-ES) que – junto com os deputados Márcio Jerry (PCdoB-MA) e Erika Kokay (PT-DF) – pediu a realização da audiência.

Alzeben denunciou ainda a expulsão em massa de aproximadamente 750 mil pessoas, que não podem retornar para a casa. ‘É um verdadeiro massacre, uma limpeza étnica”.

Para a presidente do Instituto Brasil-Palestina, Ahmed Shehada, a violação de direitos humanos não ocorre apenas pela ocupação do território. “São várias restrições, com as forças do exército israelense e gangues terrorizando milhares de pessoas. Vivemos na região há milhares de anos e sofremos um massacre histórico. E há uma incapacidade da comunidade internacional em forçar Israel a cumprir as determinações da ONU”, criticou.

“Temos que dar visibilidade ao que acontece na Palestina”, alertou Erika Kokay. “Os direitos humanos são indivisíveis e universais. Não podemos mais fechar os olhos para o que acontece na Palestina. Um apartheid em vários aspectos, mas negado e invisibilizado”, lamentou.

Da Redação - ND
Com informações da assessoria da Comissão de Direitos Humanos

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