Política e Administração Pública

Empresário diz que maior parte das operações da JBS com o BNDES teve ilícitos

28/08/2019 - 21:11  

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Funaro afirmou que as operações da JBS com as instituições financeiras envolveram bilhões de reais

O empresário Lúcio Bolonha Funaro afirmou, nesta quarta-feira (28), que foram irregulares praticamente todas as operações do grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, com instituições financeiras oficiais. Ele prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito do BNDES.

"A maior parte das operações feitas pelo BNDES ou a Caixa junto ao grupo JBS possuía ilícitos. Eu não só falei aqui hoje nessa comissão como eu já falei em outros órgãos de investigação."

As operações envolveram bilhões de reais, afirmou Funaro à CPI que investiga possíveis irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social no período de 2003 a 2015, durante os governos petistas.

Lúcio Bolonha Funaro fez delação premiada na Operação Lava Jato, foi preso e agora está cumprindo pena no regime semi-aberto. Além dos ilícitos com recursos públicos, segundo Funaro, os irmãos Batista contribuíram para destruir pequenos frigoríficos e produtores de gado.

Enriquecimento
Joesley e Wesley Batista tornaram-se os maiores produtores mundiais de proteína animal durante os governos petistas, no processo de construção dos campeões empresariais nacionais com recursos do BNDES, como ressaltou a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), que propôs a audiência com Lúcio Funaro.

"Joesley Batista queria ter uma pauta de se tornar único no Brasil. E ele teve agentes políticos que pegaram juros subsidiados, juros do povo brasileiro, em condições muito baixas, e que nós estamos pagando até hoje, para tornar essa riqueza e quebrar os pequenos frigoríficos", disse.

Mudanças na lei
A CPI tentou ouvir os irmãos Batista, mas não conseguiu devido a habeas corpus, concedido pelo Supremo Tribunal Federal, desobrigando-os de comparecer. Lúcio Funaro chegou a se oferecer para fazer uma acareação com Joesley Batista.

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
A deputada Paula Belmonte, que solicitou o depoimento de Funaro à CPI

Para tentar mudar essa situação, o relator da CPI do BNDES, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), prevê em seu relatório proposições legislativas com esse objetivo.

"A CPI tem que poder ouvir as pessoas - respeitando, obviamente, a lei vigente hoje. A gente vai propor alguma coisa nesse sentido e o fortalecimento da CPI como um todo. A Câmara dos Deputados não pode perder a prerrogativa de cumprir o seu papel", afirmou.

O relator da CPI do BNDES também vai apresentar proposição legislativa para mudar regras da quarentena de servidores públicos. Segundo ele, muitos funcionários que participaram de operações financeiras lucrativas para determinadas empresas, depois que saíram das instituições públicas, foram contratados pelas próprias empresas beneficiadas.

Reportagem - Newton Araújo
Edição - Ana Chalub

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