Relator vai pedir urgência para votar lei de licitações em Plenário
20/06/2018 - 18:34
O relator da comissão especial que analisa proposta de uma nova lei de contratações públicas (PLs 1292/95, 6814/17 e outros 230 apensados), deputado João Arruda (MDB-PR), anunciou que vai buscar apoio para que o texto seja analisado diretamente pelo Plenário. A intenção é aprovar um requerimento de urgência.

A decisão foi tomada depois da quarta tentativa frustrada em votar o parecer de Arruda. A reunião prevista para hoje não chegou a acontecer por causa do início da Ordem do Dia do Plenário.
Uma nova reunião da comissão para ainda tentar votar o texto na comissão foi marcada para as 14h30 do dia 3 de julho. Na próxima semana haverá jogo da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo na quarta-feira (27) à tarde, o que deve atrapalhar o trabalho do colegiado, segundo o presidente da comissão, deputado Augusto Coutinho (SD-PE).
“Estamos há mais de 90 dias debatendo o tema. Estamos já nos limites de tolerância, levando em consideração os prazos e o calendário difícil que temos”, afirmou Arruda, ao citar a Copa do Mundo, as festas juninas e as eleições gerais. De acordo com ele, novas demandas de setores e críticas ao texto surgem à medida que acordos em pontos divergentes são feitos.
Coutinho criticou a atitude de setores da sociedade em “atrapalhar” a negociação e deixar a lei de licitações como está. “Já chegamos à conclusão que ela não é boa para o Brasil. Ouvimos todos os setores envolvidos, de forma transparente e aberta”, disse.
Novo voto divergente
O deputado Edmar Arruda (PSD-PR) apresentou nesta terça-feira (19) voto em separado. Já é o segundo voto contrário ao texto de João Arruda, o que dificultou ainda mais a costura de um possível acordo para votação. O primeiro voto em separado foi apresentado no dia 12 e é do deputado Evandro Roman (PSD-PR).
O substitutivo apresentado pelo relator revoga a atual Lei de Licitações e Contratos (8.666/93), a Lei do Pregão (10.520/02) e o Regime Diferenciado de Contratações (RDC, Lei 12.462/11). O texto cria o Portal Nacional de Contratações Públicas, que deverá ser instituído pelo Executivo federal e adotado por todos os poderes de todos os entes (União, estados e municípios).
O parecer cria ainda a figura do agente de licitação, responsável na administração pública por conduzir o processo licitatório e acompanhar a execução contratual. O agente deverá ser servidor ou empregado público do quadro permanente do órgão. Ele será auxiliado por uma equipe, mas responderá individualmente por seus atos. A exceção ocorre se ele for induzido ao erro pela equipe.
Votos em separado
Evandro Roman e Edmar Arruda propõem modificar a definição de obra de grande vulto para aquela acima de R$ 300 milhões e não R$ 100 milhões, como no texto de Arruda. Segundo eles, o número atual “não reflete as diferenças regionais existentes e o porte de contratações comumente efetuadas.”
Os dois votos em separado também reduzem os percentuais de seguro garantia em duas fases da contratação pública. A primeira reduz a caução dada pelo licitante para participar do processo. O percentual sairia do limite de 3% do estimado para a contratação para 1%.
O seguro garantia para eventual paralização da obra também é reduzido. O prêmio para obras, serviços e fornecimento de bens diminui de até 20% para até 5% do contrato.
Fraude em licitação
O texto de Edmar Arruda vai além do de Roman nas sugestões de mudança ao parecer do relator. Ele retira a tipificação penal de fraude em licitação ou contrato com pena de 4 a 12 anos de reclusão, prevista no substitutivo do relator. O deputado também tira as definições de sobrepreço e superfaturamento da proposta. "Essa prática já se vê proibida e punida com as leis atuais", disse.
Edmar Arruda ainda coloca no texto a garantia de licença ambiental prévia e áreas para executar o contrato livres e desocupadas como condições para publicar o edital.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Ana Chalub