Política e Administração Pública

Relator altera regras do Universidade para Todos

11/08/2004 - 19:46  

A idéia de criar vagas para alunos de baixa renda em universidades particulares pode confrontar as instituições com fins lucrativos e as filantrópicas. Nesta quarta-feira, o relator do projeto que cria o programa Universidade para Todos, deputado Irineu Colombo (PT-PR), apresentou na comissão especial um substitutivo que flexibiliza as regras para que as filantrópicas participem do programa.
Pelo projeto inicial do Executivo, elas deveriam conceder bolsas integrais a 20% das vagas, para alunos com renda familiar per capita de até um salário mínimo.
Já o substitutivo do deputado Irineu Colombo prevê que as instituições filantrópicas deverão destinar apenas 10% das vagas a bolsas integrais. Para atingir o percentual de gratuidade de 20% da receita, exigido por decreto, as filantrópicas poderão também conceder bolsas parciais de 50% da mensalidade ou realizar programas de assistência social, desde que essas atividades não façam parte do currículo da instituição.
As filantrópicas que aderirem ao programa também ficarão dispensadas de renovar o certificado de entidade beneficente de assistência social por dez anos.

Universidades particulares
Em relação às universidades com fins lucrativos, Irineu Colombo manteve a exigência de que 10% das vagas sejam transformadas em bolsas integrais. No entanto, ele permite, como alternativa, que 30% desse total sejam transformados em bolsas parciais, com o objetivo de atender mais alunos. Dessa forma, em uma faculdade com cem estudantes, dez bolsas integrais seriam concedidas ou, como alternativa, sete bolsas integrais e mais seis bolsas parciais de 50% — o que alcançaria 13 alunos.
As regras mais flexíveis para as filantrópicas devem aumentar as pressões para que o relator reduza as exigências para as universidades particulares com fins lucrativos. A opinião é do presidente da comissão especial, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA). “Mesmo que a diferença seja 1%, 0,5%, a pressão por um tratamento igual ocorre naturalmente", afirma.
O relator explica que alterou as regras para as universidades filantrópicas para evitar questionamentos judiciais. "Pela Constituição, 20% de sua receita devem ser revertidos em serviços gratuitos para a população. E elas atuam não só em educação, mas em saúde, assistência social e assim por diante, mas teriam que dar toda a gratuidade só em educação, o que, além de inconstitucional, traria desequilíbrio econômico-financeiro".
Colombo afirmou ainda que o programa Universidade para Todos poderá beneficiar cerca de 100 mil novos alunos carentes no ano que vem.
O texto deverá ser votado na próxima reunião da comissão especial, que será no dia 24 de agosto.

Reportagem - Alexandre Pôrto
Edição - Patricia Roedel

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)

Agência Câmara
Tel. (61) 216.1851/216.1852
Fax. (61) 216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br
A Agência utiliza material jornalístico produzido pela Rádio, Jornal e TV Câmara.

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'.