Líder da maioria acredita em consenso para aprovar reformas até julho
Lelo Coimbra diz que suas funções não se confundem com a do líder do governo e diz que pretende aumentar o protagonismo do PMDB
01/03/2017 - 18:09

O líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), aposta em consenso ainda no primeiro semestre para que as reformas do Planalto sejam aprovadas na Casa. Segundo ele, para que haja convergência em torno da reforma da Previdência, o texto original pode ser modificado por sugestão de parlamentares da base do governo e da oposição.
Em entrevista à Agência Câmara, o parlamentar explicou que vai atuar em conjunto com o líder do governo para costurar apoio às reformas, além de agir para aumentar o protagonismo do PMDB. Ele ressaltou ainda que vai participar de debates em Plenário e nas comissões para esclarecer as teses do governo.
Médico de formação, Lelo Coimbra tem 63 anos e está em seu terceiro mandato. No ano passado, enquanto presidia a Comissão Especial da Petrobras e Exploração do Pré-Sal, o deputado apoiou o fim da obrigatoriedade de atuação da Petrobras como operadora do pré-sal.
Leia abaixo a entrevista concedida pelo líder:
Quais são as prioridades da liderança?
Na conversa que tive com o presidente Temer, as prioridades foram estabelecidas em torno das reformas. Especialmente nesses seis primeiros meses que serão seis meses de muito trabalho e de intensa atividade. Onde nós achamos que devemos consolidar uma maioria capaz de aprovar as reformas Tributária, Previdenciária e Trabalhista.
Ter um líder da maioria é uma forma de o governo angariar consenso em torno das reformas?
Nós vamos ter uma convergência construída. A presença do líder da maioria e a presença do líder de governo são duas responsabilidades distintas, mas com sintonia no principal. Com características de exercer, seja na articulação seja no Plenário, papeis distintos. Eu vou me envolver muito com o Plenário e vou contribuir com o líder nas articulações de governo. Então isso nos facilita a puxar o PMDB enquanto bancada, que são 66 membros, e dar ao partido um protagonismo que seja importante, que seja positivo.
O papel do senhor vai ser o de circular mais na Casa para conseguir apoio?
Em síntese, nós (líder de maioria e de governo) vamos conjuntamente articular com os partidos e líderes e, especificamente, algumas gestões de cotidiano. No meu caso, em especial, que foi um compromisso que eu e o presidente fizemos, eu vou para os debates envolvendo os temas. Os debates de Plenário e debates de comissão. Os debates aonde a fala e a posição do governo possam ser bem explicitadas. E eu vou cumprir esse papel de maneira principal.
O senhor acha que o governo vai conseguir votar as reformas da Previdência e Trabalhista até o meio do ano?
Não tenho dúvidas. O desejo e a tentativa de construção de maioria apontam nessa direção. Vamos fazer todo o esforço para isso.
Qual a necessidade de se votar com urgência as reformas?
Precisamos fazer as reformas por questões de segurança, para aqueles que vão investir na geração de emprego e renda possam vir para o país e, ao mesmo tempo, sejam garantidos o pagamento e a segurança material para aqueles que são a grande maioria dos beneficiários da Previdência. Hoje, 62% recebem o salário mínimo como aposentados, 13% recebem de 1 a 3 (salários mínimos) e 8% recebem de 3 a 5. Então, nós estamos falando de 82% das pessoas que estão precisando de proteção para terem os seus salários de aposentadoria e pensões pagos e garantidos pelo governo. Na realidade, nós estamos muito atrasados, estamos na emergência para tomar essa decisão. No caso da reforma Trabalhista, as nossas empresas estão indo para o Paraguai, em virtude da flexibilidade de legislação trabalhista. Já houve no meu estado indústria de confecção que foi montar fábrica na China, porque era mais barato. Então, temos de ajustar as nossas legislações para que esses empregos não fujam e para que essa produção e os tributos dela decorrentes fiquem no Brasil.
O governo está disposto a fazer barganhas para acelerar a votação?
No caso da Previdência, o que não for motivo de convergência vai a voto. E vamos buscar construir uma maioria que nos dê a decisão que possa sustentar as teses do governo. É lógico que ela vai estar permeada por contribuições de membros da base do governo, assim como por contribuições da oposição, que mesmo que vote contra vai querer pactuar emendas e negociações dentro do texto.
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Reportagem - Emanuelle Brasil
Edição - Roberto Seabra