Política e Administração Pública

Conselho deve votar parecer do processo contra Bolsonaro por ‘apologia à tortura’

08/11/2016 - 21:39  

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara deve votar, nesta quarta-feira (9), os pareceres preliminares de outros três processos. Um deles é a votação do parecer do deputado Odorico Monteiro (Pros-CE) contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), acusado pelo Partido Verde de "apologia ao crime de tortura" por ter homenageado o ex-coronel do Exército Brilhante Ustra, durante a votação da admissibilidade do impeachment de Dilma Rousseff, em abril.

Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Reunião Ordinária. Dep. Odorico Monteiro (PROS - CE)
O relator, Odorico Monteiro, concordou com o argumento de que houve apologia ao cirme de tortura e defendeu o prosseguimento do processo

Para o PV, Bolsonaro fez “apologia ao crime de tortura” durante a votação da admissibilidade do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 17 de abril, no Plenário da Câmara. Na ocasião, Bolsonaro, ao proferir seu voto, homenageou o coronel do Exército Brilhante Ustra. Morto recentemente, Ustra era alvo de uma série de acusações de tortura durante a ditadura militar.

Odorico concordou com o argumento de que houve apologia ao crime de tortura e defendeu o prosseguimento do processo com o argumento de que o caso envolve conflitos com princípios constitucionais, como o da dignidade humana.

“A admissibilidade também tem a intenção de aprofundar o debate para o aprimoramento do exercício da imunidade parlamentar”, disse Odorico.

Imunidade
No entanto, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou um voto em separado pela inadmissibilidade da representação por “falta de justa causa e ausência de tipicidade de conduta”.

Rogério não quis entrar no mérito da polêmica declaração de Bolsonaro, mas frisou que a imunidade parlamentar garante a proteção de palavras, opiniões e votos do congressista, sobretudo em relação a pronunciamentos feitos no “recinto do Parlamento”.

Rogério citou decisão do Supremo Tribunal Federal no sentido de, que nessas ocasiões, a imunidade merece “reconhecimento absoluto”. “Não me parece razoável censurar as palavras do parlamentar” por questões ideológicas.

O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), esclareceu que, inicialmente, colocará em votação, amanhã, o parecer de Odorico Monteiro. Em caso de rejeição, deverá nomear novo relator, entre os autores de votos em separado.

Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Newton Araújo

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