Dilma propõe plebiscito e antecipação das eleições para retomar governabilidade
29/08/2016 - 21:00

Durante sua defesa no Plenário do Senado, a presidente afastada Dilma Rousseff admitiu aos senadores que não teria governabilidade caso volte a comandar o governo, mas acredita que esse seria o caminho natural para preservar a democracia. Ela disse que, por isso, aceitou recomendar um plebiscito sobre a reforma política e discutir a antecipação das próximas eleições.
“O que ocorre é que o governo que está agora no poder não teve seu programa aprovado pela população. Ninguém disse que iria acabar com programas, como o Pronatec e o Ciência Sem Fronteiras; a população escolheu o contrário, porque dissemos que daríamos continuidade a esses programas”, disse.
Dilma Rousseff atribuiu à multiplicação de partidos a dificuldade em conseguir governabilidade. Ela frisou que era possível discutir a maioria de votos no governo Fernando Henrique Cardoso com apenas três partidos, que se tornaram 11 no governo Lula, e chegaram a 20 partidos em seu governo. “Isso para conseguir a maioria absoluta. Por isso o pacto de governabilidade foi rompido, e eu decidi apoiar a convocação de um plebiscito para a reforma”, afirmou.
Diálogo
O senador Eduardo Amorim (PSC-SE) questionou a presidente afastada se a falta de diálogo de seu governo com os parlamentares também não seria responsável pela perda de governabilidade.
Dilma disse que se tornou muito difícil falar com os partidos de forma tão segmentada, porque, segundo ela, não havia líderes que comandassem os partidos em uma negociação, e mesmo os maiores partidos se dividiram em interesses regionais e setoriais. “Mesmo que tenha havido falta de diálogo, isso não é crime de responsabilidade”, concluiu.
Acusação
A presidente Dilma Rousseff é acusada de ter cometido crime de responsabilidade ao editar decretos sem o aval do Congresso Nacional e em descumprimento da meta fiscal vigente. Também responde por adiar repasses ao Banco do Brasil para custear o Plano Safra, o que levou o banco a pagar o benefício com recursos próprios, operação conhecida como “pedalada fiscal” e considerada empréstimo ilegal pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Reportagem - Marcello Larcher e Lara Haje
Edição - Alexandre Pôrto