Política e Administração Pública

Deputados comentam renúncia de Cunha e sucessão à presidência da Câmara

Novo presidente da Casa deve ser eleito no prazo de cinco sessões do Plenário

07/07/2016 - 16:06  

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
1º secretário da Mesa Diretora, dep. Beto Mansur (PRB-SP) lê carta de renúncia à presidência da Câmara dos Deputados do dep. Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Beto Mansur lê a carta de renúncia no Plenário da Câmara

A Câmara dos Deputados terá até cinco sessões para decidir quem será o novo presidente da Casa após a renúncia do deputado afastado Eduardo Cunha, que exerceu o cargo por 17 meses. Afastado pelo Supremo Tribunal Federal e pressionado por correligionários, Cunha renunciou ao cargo nesta quinta-feira, mas ainda enfrenta processo por quebra de decoro parlamentar.

O primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur, já defendeu a renúncia de Cunha no passado e disse que o ato põe fim a uma instabilidade no comando da Câmara dos Deputados, que até então tinha um presidente interino e um presidente afastado. “Nós precisamos achar um nome que seja de consenso”, afirmou. “A administração de um poder da República está acéfala, então precisamos resolver essa situação para tocar a vida da Casa”, afirmou.

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Reunião da Subcomissão Permanente de Habitação. Dep. Carlos Marun (PMDB-MS)
Marun: não há ligação entre a renúncia e o julgamento do recurso na CCJ

Vice-líder do PMDB, deputado Carlos Marun (MS), disse que a renúncia foi “um gesto de grandeza”. “Consciente do prejuízo que esta gestão interina e nefasta à frente da Câmara traz e traria ao País, ele renuncia”, disse Marun, que negou qualquer relação entre o ato de Cunha e a proximidade do julgamento pela Comissão de Constituição e Justiça do recurso que pede anulação da condenação pelo Conselho de Ética. "Eu não vejo como isso interferir no processo e entendo que não foi este o objetivo."

A oposição, no entanto, vê na renúncia ao cargo de presidente uma manobra para Cunha preservar o mandato e escapar da cassação. É o que defende o deputado Henrique Fontana (PT-RS). “Cunha renuncia para continuar comandando, Cunha renuncia para, em acordo com [Michel] Temer, continuar preservando o seu mandato. Temos de agir com sabedoria, prudência, porque Cunha não pode eleger o seu sucessor”, disse.

O líder do PSol, deputado Ivan Valente (PSol-SP), avaliou que a saída de Cunha da presidência é uma vitória, porque pode ajudar a voltar a moralizar a imagem da Câmara dos Deputados. No entanto, Valente cobrou a continuidade das investigações contra Cunha e a votação, em Plenário, do pedido de cassação do deputado. “As acusações de corrupção contra Eduardo Cunha são nítidas, são volumosas. Eduardo Cunha é o maior corrupto do Brasil no momento”, disse.

Reportagem - Carol Siqueira
Edição - Natalia Doederlein

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